A difícil missão de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro, que assumiu com manifestações de carinho de eleitores que vieram à Brasília do norte ao sul do Brasil, tem a difícil missão de promover as reformas para evitar o colapso das contas do País. Não é uma escolha, é a necessidade para que o Brasil não se torne ingovernável. Em seu discurso, o presidente reafirmou suas posições sobre a defesa da família e que o Brasil volte a ser um país livre das amarras ideológicas. Destacou a escolha de uma equipe técnica para o seu governo e prometeu que o país não vai gastar mais do que arrecada. Anunciou um Pacto Nacional entre Executivo, Legislativo e Judiciário.
Agora a realidade do Poder
Nesta manhã de quarta-feira o flamante presidente Jair Bolsonaro senta-se à sua cadeira no terceiro andar do Palácio do Planalto, abre a tampa da caneta e começa vida nova. Acabou-se o noivado com o poder. A euforia da vitória e as flores da transição dão lugar à realidade do poder. Ou, como dizia o ex-ministro Antônio Delfim Neto: “Na quarta-feira o presidente terá que abrir a quitanda às 9h da manhã com berinjelas para vender a preço razoável e troco na caixa para atender a freguesia. Pelos próximos quatro anos a rotina essencial será a mesma: abrir a quitanda, com berinjelas e troco. Todos os desastres da economia brasileira deram-se quando se deixou de prestar atenção na economia da loja.”
Delfim Conhece o dia seguinte
Delfim passou como ministro por três posses (Arthur da Costa e Silva, Emilio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo). Sabe muito bem o que é o dia seguinte. Essa parábola da quitanda era a imagem preferida pelo então czar da economia, para descrever o choque de realidade do começo de um novo governo: passadas as cerimônias e os rapapés da posse, vão-se os dignitários, no dia seguinte o chefe de estado terá de abrir sua quitanda, ver seu estoque de berinjelas, cenouras, tomates e contar o as moedas do caixa para o troco. Vai baixar a dura realidade.
Á frente do balcão vai se formar a fila de governadores pedintes, seguida pela dos prefeitos de todos de pires na mão. Logo em seguida chegarão os interesses conflitantes e todo o rosário de demandas. As glórias da campanha eleitoral vitoriosa vão se converter nas cobranças das promessas e dos sonhos, para tirar o sono do vencedor.
Foco na Previdência
Para não desanimar seu chefe, o ministro da Economia, Paulo Guedes, poderá lhe dar algumas boas notícias para alegrar seu café da manhã: a balança comercial deve fechar com um saldo positivo de 57 ou 58 bilhões de dólares, bem menos que os 67 bilhões de 2017, mas assim mesmo um bom número. Também fecham os números de dezembro da indústria automobilística, contando a fabricação de três milhões de veículos, também abaixo da capacidade instalada nas fábricas, que estão com 40% de capacidade ociosa esperando a volta do consumo. Porém é um bom resultado. O crescimento estimado é de 2,5% para o ano, podendo ser maior, talvez um ponto a mais, se a reforma da previdência conseguir passar no Congresso e a inflação fica em níveis civilizados. Nada mal para quem herda um País saindo da maior recessão de sua História.
Fonte: Agência Digital News
Por Edgar Lisboa
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