A MORTE DE ÓSCAR PÉREZ
Ao declarar ao vivo, pelas redes sociais, que estava se rendendo, inclusive alertando sobre a existência de civis inocentes no local cercado pela Polícia de Nicolás Maduro, o piloto venezuelano Óscar Pérez deveria ter sido preso e levado a julgamento. O governo da Venezuela, no entanto, preferiu matá-lo, na operação realizada segunda-feira em El Junquito, a 37 quilômetros da capital, Caracas.
Há muitas acusações contra Pérez que precisam ser provadas, como o ataque ao prédio da Suprema Corte quando se comemorava o Dia do Jornalista, em 27 de junho do ano passado. Em regimes totalitários, ataques contra instituições são forjados para justificar repressão e matanças.
O fato é que Pérez se tratava de um lobo solitário, ex-integrante do Cicpc (Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas), cujas funções são comparáveis às da Polícia Civil no Brasil.
A esquerda brasileira, sempre atenta para excessos policiais no Brasil, passou um zíper na boca. Alguns, mais afoitos, comemoram a morte de Pérez. O sentimento de justiça dessas pessoas é ideológico, serve para umas ocasiões e outras não, porque entendem que os fins justificam os meios. Se o fim é a revolução socialista ou comunista, quem estiver como obstáculo no caminho deve ser aniquilado. Às favas com os escrúpulos!
Miguel Lucena é jornalista, escritor e delegado da Polícia Civil do DF.