Abandonado pelo GDF, Centro de Convivência é mantido por moradores
O Mozart Parada, em Taguatinga Norte, está com piscina interditada, campo de futebol destruído e ginásio com parte elétrica comprometida
Era para ser um lugar de excelência, com serviço voltado ao auxílio de pessoas em situação de vulnerabilidade e com a missão de fortalecer vínculos familiares e comunitários. Mas a realidade do Centro de Convivência Mozart Parada, situado em Taguatinga Norte, é diferente.
Atualmente, o lugar atende 137 pessoas de maneira continuada, mas com diversos problemas. As portas só permanecem abertas porque moradores da região tiram dinheiro do próprio bolso para manter o local em condições mínimas de funcionamento. Informações dão conta de que não há qualquer repasse de verba ou manutenção por parte da Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) desde 2014.
O popular “Paradão” é um dos 18 espaços espalhados pelo Distrito Federal especializado nesse tipo de trabalho, que é complementar ao realizado pelos Centros de Referências de Assistência Social (Cras) e Centros Especializados de Assistência Social (Creas). Após as 17h, o espaço fica disponível para utilização das dependências por parte da comunidade. No total, o Centro de Convivência Mozart Parada recebe 1,5 mil pessoas por mês.
Entre as atividades ofertadas estão: hidroginástica para idosos, natação para crianças, projeto de capoeira, caratê, basquete, futebol de campo, de quadra e society, pingue-pongue e pebolim. Durante os horários de não utilização, também fazem uso do espaço o Centro de Integração Paraolímpico e a Associação de Idosos de Taguatinga.
Vaquinha da comunidade
A conservação do lugar tem sido feita pela própria comunidade, por meio de doações de materiais, rifas ou mesmo trabalho voluntário. Em 2017, foi possível arrecadar o valor de R$ 8 mil em contribuições, mas os valores são insuficientes para suprir todas as necessidades.
O dinheiro não dá, por exemplo, para reabrir a piscina ao público, interditada há mais de 60 dias. Dessa forma, as aulas de hidroginástica e natação foram suspensas. A Vigilância Ambiental esteve no local, no mês passado, para aplicar tratamento preventivo e evitar que a água poluída e inutilizável se torne foco de dengue.
A situação dos campos de futebol society não é muito diferente. Os dois estão carentes de reparos. Para tentar manter pelo menos um deles ativo, foi retirado e reaproveitado o material do outro. Os banheiros próximos aos espaços precisaram ser desativados.
No ginásio, o grande problema é a parte elétrica. Algumas lâmpadas estão quebradas, e a fiação apresenta curto-circuito constante.
Confira imagens:
Reclamações
“É uma falta de respeito com a comunidade e principalmente com as crianças que utilizam o espaço diariamente e não podem desfrutar 100% do que ele oferece”, desabafou o estudante Carlos Augusto Fraga, 23, que frequenta o “Paradão” há oito anos e já participou da venda de rifas a fim de angariar fundos para a reforma do ginásio e a limpeza das piscinas.
André de Sousa, 22, utiliza o centro há pelo menos 10 anos e acredita que, sem o apoio da comunidade, o local não estaria funcionando. “Eu me sinto triste. É um lugar que serve para tirar muitas crianças do caminho errado, das drogas, do crime. Tenho certeza que, se não fosse pela ajuda dos que frequentam, o ‘Paradão’ estaria fechado”.
Demanda em andamento, diz GDF
A Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh) informou que “todas as demandas de manutenção estão em andamento e em ordem de prioridades”. Sobre a piscina, a pasta disse que uma nova empresa será contratada nos próximos meses para realizar a manutenção.
Fonte: Metrópoles
Foto: BRUNO PIMENTEL/ESPECIAL PARA O METRÓPOLES