Afiada nas quedas, Bate-Estaca vence Tecia em luta eletrizante e pede pelo cinturão
Brasileira tem dificuldades no primeiro assalto, mas supera americana nos rounds seguintes, fatura triunfo nos pontos e se torna a lutadora com o maior número de vitórias no UFC
A movimentação inicial de Tecia Torres pareceu que complicaria Jéssica Andrade, mas a Bate-Estaca soube se adaptar ao jogo da rival e, depois de perder o primeiro assalto, venceu os dois seguintes, conquistando o triunfo por decisão unânime (29-28, 29-27 e 29-28), no co-evento principal do UFC Orlando, na noite deste sábado. Este foi o segundo resultado positivo seguido da brasileira, que agora espera por nova chance de lutar pelo cinturão, após a revanche entre Rose Namajunas e Joanna Jedrzejczyk, marcada para o UFC 223, dia 7 de abril, em Nova York.
– Espero que a gente ganhe o bônus de Luta da Noite. Essa vitória é para o mestre Paraná, ele acredita na gente, se ele não acreditasse em mim, eu não estaria aqui hoje e não seria quem eu sou. A Tecia é uma lutadora muito dura, sabia que seria uma guerra, contra um leão, mas estava bem treinada, com gás muito bom. Sabia que se não desse na trocação, eu colocaria para baixo e foi o que aconteceu. Que venha o cinturão! Eu quero ser a próxima! – afirmou Jéssica, que se tornou a lutadora com o maior número de vitórias (nove) no Ultimate.
A luta
Tecia foi a primeira a acertar um golpe, contragolpeando com uma direita no rosto da brasileira. Jéssica partia para cima, mas algumas vezes de forma atabalhoada. A movimentação da americana dificultava o jogo da atleta da PRVT, que recebeu alguns socos no rosto. Bate-Estaca não conseguia entrar no raio de ação, sendo constantemente rechaçada por combinações de jab e direto. Era Bate-Estaca quem dominava o centro, mas os contra-ataques e jogo de pés de Torres davam vantagem para a americana. Jéssica encaixou um overhand de esquerda e grudou a rival na grade com menos de dois minutos para o fim do round, mas Tecia livrou-se da pegada. Outra direita de Torres balançou Bate-Estaca, que teve uma queda defendida e se arriscou na trocação franca. Nos segundos finais, a brasileira conseguiu uma bonita queda, mas sem tempo para trabalhar no solo.
Um pouco mais cautelosa no início do segundo assalto, Bate-Estaca recebia menos golpes e variava mais os ganchos na linha de cintura com os golpes na cabeça. Ao encurtar a distância, voltou a tirar a americana do solo para aplicar a queda, mas precisou livrar a cabeça de um triângulo por duas vezes. Da posição de 100kg, ela conectou poucos golpes curtos e teve trabalho com a guarda agressiva de Torres, que conseguiu ficar de pé novamente. As duas trocaram cruzados na cabeça, e Jéssica voltou a encurtar e conseguir colocar para baixo outra vez. Ao tentar a transição para as costas, deu espaço para a americana ficar de pé, mas colocou dois socos na cabeça. Outra queda fez Tecia ficar com as costas no chão, mas a americana atacou com uma chave de braço que quase deu certo. Tecia se levantou mais uma vez e tentou derrubar Jéssica, mas o round chegou ao fim.
O início do terceiro assalto foi em ritmo acelerado. Após um chute baixo de Torres, Bate-Estaca jogou seguidos cruzados caminhando para a frente, e a americana se desequilibrou. Jéssica entrou com single leg e conseguiu a queda, mas Tecia ficou de pé pouco depois. O jogo afiado de quedas da brasileira voltou a aparecer, mas ela não conseguia estabilizar a posição. Tecia jogou um chute alto, e a paranaense marcou o tempo, segurando a perna e chutando a base do pé de apoio. No solo, travou bem na meia-guarda e, enfim, teve espaço para usar o ground and pound. Com menos de dois minutos para acabar, ela passou a guarda e foi para a posição de 100kg. Os brasileiros presentes começaram a gritar “Uh, vai morrer!”, enquanto Bate-Estaca administrava uma boa vantagem. Tecia ainda ficou de pé, mas não conseguiu impedir a queda. Entretanto, raspou Jéssica, foi para as costas, mas perdeu a posição e caiu por baixo. Restou para a brasileira controlar a oponente até o final.
Com bela finalização, Latifi faz OSP desabar no octógono
Ilir Latifi não tomou conhecimento do favorito Ovince St-Preux, na antepenúltima luta do UFC Orlando. O peso-meio-pesado sueco finalizou o adversário aos 3m48s do primeiro round. “The Sledgehammer” apagou OSP ao encaixar uma guilhotina, aplicada após deixar o oponente “perdido” com o poder de suas mãos na trocação.
– Eu sempre vou para definir, seja em pé ou no chão. DC, você é uma lenda, o campeão, tenho muito respeito por você, mas vamos lutar pelo cinturão dos meio-pesados ou dos pesados. Eu senti que ele bateu, mas o juiz estava do lado oposto – declarou o atleta, apontado para Daniel Cormier, que participava da transmissão à beira do octógono.
O combate era monótono: Ovince St-Preux atacava Ilir Latifi de longe para se manter distante do alcance do adversário, cuja envergadura é bem menor. Entretanto, o sueco acertou um golpe violento, capaz de levar OSP a knockdown. Quando se levantou, atordoado, e tentando fugir do raio de ação de Latifi, OSP foi golpeado novamente e, ao tentar se proteger em pé, expôs o pescoço e desabou ao ser “apagado” na guilhotina.
Griffin supera Perry na decisão dos jurados
Em um combate agitado, Max Griffin levou a melhor sobre Mike Perry, a quem venceu por decisão unânime (29-27, 29-37 e 30-27), na luta de abertura do card principal, válida pelo peso-meio-médio. Perry, que terminou o duelo com o rosto ensanguentado e inchado, ao notar que o adversário seria aclamado vencedor, saiu do centro do octógono.
– Ele foi mais duro do que eu esperava. Ele me deu muito trabalho, conectou golpes fortes, tentei alguns, mas ele não caiu. E, quando caiu, conseguiu continuar. Agradeço ao Sean Shelby por me colocar no card principal. Quero lutar logo de novo – vibrou Griffin.
Griffin não vencia desde novembro de 2016, quando nocauteou Erick Montano. Ano passado, na única vez que pisou no cage, “Pain” sofreu uma derrota por pontos para o brasileiro Elizeu Capoeira. Perry – que teve o nome gritado pela torcida em Orlando – amarga duas derrota consecutivas. Isto porque, em dezembro de 2017, ele foi superado por Santiago Ponzinibbio, no “UFC: Lawler x Dos Anjos”.
Fonte: Globo Esporte.com
Foto: Getty Imagens