África do Sul cria circuito para marcar centenário de Nelson Mandela

 

Sua jornada foi marcada, além da luta contra o regime de segregação que separava negros de brancos, pela prisão que durou 27 anos

África do Sul está em festa e não é para menos. Em 18 de julho, comemorou-se o centenário do nascimento de Nelson Mandela (1918-2013), líder que acabou com o apartheid e virou símbolo mundial da igualdade.

Madiba ou Tata, como era chamado, morreu em 2013, aos 95 anos. Sua jornada foi marcada, além da luta contra o regime de segregação que separava negros de brancos, pela prisão que durou 27 anos, pelo Prêmio Nobel da Paz em 1993 e pela presidência do país (1994-99).

Só visitando a África do Sul para sentir a força de Madiba e as marcas deixadas pelo apartheid. Falar sobre o massacre de negros é a única coisa a tirar o sorriso do rosto dos sul-africanos. Para reviver Mandela, o órgão de turismo do governo listou cerca de cem passeios pelo país. Um aplicativo gratuito (Madiba’s Journey, ou jornada de Mandela) mostra onde estão esses lugares e como chegar a eles, além de explicar a importância de cada um dos locais ao visitante. Em Joanesburgo está o Museu do Apartheid.

A visita, que ajuda o turista a mensurar o regime, leva cerca de três horas. Placas de sinalização, vídeos e documentos mostram que negros precisavam de licença para andar nas ruas, não tinham direito a escolas, postos de trabalho e atendimento de saúde dos brancos. Restava-lhes só um serviço inferior. Chegavam a perder a cidadania e foram levados a morar nas periferias (“townships”). Quem desobedecia à expulsão era fuzilado. O regime durou de 1948 a 1994, mas a segregação racial ocorria desde 1910, quando foi criada a União Sul-Africana.

Em vídeos de discursos políticos, exibidos no museu, há imagens de Mandela na prisão e do governo da época defendendo seu encarceramento.

A visita continua com um passeio pelos jardins com espelhos e esculturas e uma visita à lojinha do museu para gastar “rand”, a moeda do país, cujo câmbio é bastante favorável ao brasileiro. Ainda perto de Joanesburgo, em Soweto, está a Casa de Mandela, onde seus filhos foram criados e para a qual voltou quando deixou a prisão.

O imóvel fica na rua Vilakazi, a única do mundo em que já viveram dois ganhadores do Nobel da Paz: Mandela e o arcebispo Desmond Tutu, líder da Comissão de Reconciliação e Verdade, que apurou  violações de direitos humanos durante o apartheid.Mandela mudou-se para o local em 1946 com sua primeira mulher, Evelyn Ntoko Mase. Depois, divorciado, casou-se com Winnie (Nomzamo Winifred Madikizela) em 1958.

Winnie viveu na casa com as filhas enquanto Mandela estava preso, e ela mesma chegou a ir para a cadeia. Sua morte, em abril, causou comoção. Na casa, estão documentos e objetos pessoais da família. Em sua autobiografia, “Longa Caminhada até a Liberdade” (editora Nossa Cultura), Mandela descreve o lugar.

“O quarto era tão pequeno que uma cama de casal ocupava quase todo o espaço”.

Para quem quer conhecer melhor Soweto, há ainda passeios guiados de bicicleta. No “Capture site”, onde o líder foi detido pela polícia do apartheid em 1962, está uma das mais famosas esculturas da África do Sul. Com 50 colunas de aço esculpido de até 9,5 metros de altura, a obra revela o rosto de Mandela se o visitante se posicionar no lugar exato para isso, a 30 metros de distância.

Para chegar a esse ponto, é preciso percorrer 500 metros que representam a “longa caminhada até a liberdade”, como foram chamados por Mandela os seus anos na cadeia. A escultura, de Marco Cianfanelli, virou símbolo internacional da liberdade. Fica em Howick, a uma hora e meia de carro de Durban, cidade litorânea onde acontece a principal feira de cultura e turismo de toda a África, a Indaba. Já perto da Cidade do Cabo fica Robben Island, a prisão onde o líder passou 18 dos 27 anos em que ficou preso.

Com informações da Folhapress.

 

Fonte: Notícias Ao Minuto

Foto: REUTERS/Juda Ngwenya

 

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