Agefis prorroga prazo para família Jarjour corrigir irregularidades
A Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) prorrogou o prazo para que a família Jarjour corrija as irregularidades na construção de um complexo de restaurantes no Setor de Clubes Sul. O empreendimento ocupa quase o dobro da área permitida na orla do Lago Paranoá. Os responsáveis foram notificados após a Grande Angular denunciar a ocupação de terras públicas em uma das áreas mais nobres da capital do país.
Após constatar que o canteiro de obras foi erguido além dos limites legais do terreno e que não foram respeitadas a cota de soleira e o alinhamento, o GDF notificou a empresa Jarjour Veículos e Petróleo Ltda., pertencente à família do ex-secretário do governo Rollemberg e pré-candidato a deputado distrital pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Thiago Jarjour.
Procurado pela reportagem, o pré-candidato Thiago Jarjour disse não responder pelas empresas da família. O patriarca, Abdalla Jarjour, não respondeu aos contatos.
Enquanto as irregularidades não são resolvidas, a obra segue em ritmo acelerado. Confira as imagens atuais do empreendimento:
A Grande Angular revelou que o imóvel tem extensão total de 4.445m², de acordo com o registro oficial na Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap), mas foi cercado um lote muito maior. Segundo imagem do Google Maps, o espaço ocupado pela empresa (8.600m²) é quase o dobro do informado no documento, segundo revela o satélite de georreferenciamento.
Veja:
Central de Aprovação de Projetos
Um alvará de 2011 expedido pela Administração do Plano Piloto autoriza a construção de 6.123m² distribuídos em até três pavimentos, sendo um subsolo, um térreo e um mezanino. O documento, no entanto, foi questionado pela equipe técnica da Central de Aprovação de Projetos (CAP), da Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth), em 2016. A CAP é o órgão do governo responsável por coordenar toda e qualquer nova edificação no perímetro do Distrito Federal.
A Grande Angular teve acesso ao despacho da CAP apontando irregularidades e pedindo a revisão da aprovação do projeto arquitetônico. Entre os problemas listados, estão a ausência de especificação da legislação utilizada, falta de documentos e informações rasuradas. Nos arquivos que especificam qual seria a destinação do empreendimento, por exemplo, a palavra “restaurante” foi riscada e substituída por “clube entidade esportiva”, e o termo “comercial” foi trocado por “institucional”.
Também são questionados a taxa de ocupação e o afastamento mínimo obrigatório da orla. A legislação local estabelece um recuo de 10 metros em caso de restaurantes e de 5 metros quando se trata de clube. Com relação ao empreendimento da família Jarjour, a cerca encosta na margem do Lago Paranoá, impedindo a passagem.
Confira fotos da obra há um mês: