Antes de Frejat, ao menos cinco buritizáveis ficaram pelo caminho
Os declínios ocorreram em virtude de articulações políticas. Alguns desistentes sinalizam que irão concorrer a outros cargos
Ainda faltam três meses para as eleições, mas já houve tempo suficiente para reviravoltas no cenário político brasiliense. Ao menos cinco pré-candidaturas ao Governo do Distrito Federal (GDF) ficaram pelo caminho antes de o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), o mais bem colocado no levantamento de intenção de voto do Paraná Pesquisas, surpreender ao deixar de vez a corrida eleitoral.
Em alguns casos, falou mais alto a necessidade de garantir vaga em coligação. Em outros, interesses pessoais foram colocados acima dos políticos.
O advogado Ibaneis Rocha (MDB) abriu mão da corrida eleitoral para apoiar Frejat. Ultimamente, vinha sendo cotado como possível vice na coalizão integrada pelo PR, DEM, MDB, PHS, PP e Avante. Mas Frejat saiu da disputa e Ibaneis estuda atento a movimentação e até afirma que pode retornar ao páreo, disputando o Governo do Distrito Federal.
“Não me arrependo [de desistir da pré-candidatura como cabeça de chapa]. Acho Frejat o melhor nome. Mas se ele não for concorrer, nós todos temos que voltar à disputa”, destacou. Ainda no grupo de Frejat, o deputado federal Alberto Fraga (DEM) era pré-candidato a governador, mas acabou lançado ao Senado Federal.
Em 16 de julho, Fraga disse que assumiria a cabeça de chapa no lugar do médico. No dia seguinte, quando Frejat confirmou desistência, Fraga hesitou. Agora, reavalia o assunto. O ex-grupo político do médico se reúne novamente na manhã desta quarta-feira (25/7), decidido a bater o martelo em torno das vagas majoritárias.
Do outro lado do tabuleiro político, o presidente da Câmara Legislativa (CLDF), Joe Valle (PDT), foi lançado como postulante ao Palácio do Buriti em 8 de março, ao lado do presidenciável da sigla, Ciro Gomes. Porém, Joe voltou atrás e agora pretende pleitear uma vaga no Senado. O correligionário e ex-deputado distrital Peniel Pacheco assumiu a pré-candidatura ao GDF. A sigla têm reunião marcada nesta quinta (26), para preparar a convenção partidária regional, marcada para sábado (28).
Lamento e silêncio
O ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) Valmir Campelo (PPS) deixou a pré-candidatura, em 26 de março, com duras críticas ao sistema político. O ex-senador estava de olho na disputa ao Buriti desde que se aposentou do órgão, em 2014.
Os planos, porém, mostraram-se frustrados durante as negociações políticas. Segundo Campelo, dois postulantes a cargos majoritários em um mesmo partido – contando com o senador e pré-candidato à reeleição Cristovam Buarque – dificultava alianças. Distante dos holofotes, agora se dedica a escrever a quarta edição do livro Obras Públicas: Comentários à Jurisprudência do TCU.
“Eu indagava: vocês querem bons nomes, com currículo, serviço prestado, história em Brasília, ou preferem apenas ratear a chapa?” Valmir Campelo, ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU)
Presidente do PPS-DF, Chico Andrade comenta que a estrutura partidária não seria suficiente, sem aliados, para garantir a permanência de Valmir. “Não vimos manifestação da direção nacional do partido de dizer que iria destinar recursos para um cargo majoritário. O máximo que podemos fazer é lamentar e silenciar”, declarou.
Outro preterido foi José Goudim Carneiro (PMB). A legenda o desautorizou a seguir com a pré-candidatura a governador. A presidente regional do PMB, Léia Santos, disse que a sigla “achou melhor não ter candidatura ao governo dessa vez”.
Confira quem desistiu antes de Frejat
No meio do caminho
As pré-candidaturas do PCdoB-DF ao Palácio do Buriti, da ex-senadora e ex-ministra Emília Fernandes e do professor da Universidade de Brasília (UnB) Volnei Garrafa, aguardam o desenrolar da cena política.
“Não apresentamos os postulantes formalmente porque em um determinado momento poderia haver posição em direção a outro partido, mas com esse quadro não podemos abrir mão de uma alternativa”, pontuou o presidente regional do PCdoB, Augusto Madeira.
A decisão de Frejat de sair da disputa pelo Palácio do Buriti causou reboliço. Nessa terça-feira (24/7), o médico pôs fim ao longo período de indefinições desde que comunicou, pela primeira vez, a sua desistência. “Não vou vender a minha alma ao diabo”, alegou.
Fonte: Metrópoles
Foto: Arte/Metrópoles