Anúncio de Izalci Lucas embaralha ainda mais a disputa pelo Buriti
Escolha do tucano divide a chamada “terceira via”: após saída do PTB, PHS e PPL também deixam a composição
O ensaio para uma robusta aliança de partidos considerados da direita e de centro não durou o tempo esperado pelos articuladores da chamada “terceira via” no DF. Momentos após o grupo formado até então por 12 siglas divulgar que Izalci Lucas (PSDB) é seu pré-candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF), duas legendas – o PPL e o PHS – comunicaram a saída do projeto.
O próprio Alírio Neto (PTB), que também se apresentava como o pré-candidato da composição, decidiu deixar o grupo antes mesmo de a escolha por Izalci ser formalizada. Algumas rupturas já eram esperadas, mas não nessa velocidade.
Agora, tanto os partidos que mudaram de rumo quanto alguns remanescentes na aliança avaliam: o caminho de Izalci até oficializar a candidatura será duro, especialmente porque ele enfrentará obstáculos dentro do próprio ninho tucano.
Além da resistência interna no PSDB, que vive momentos de divisão, a pré-candidatura tucana ao Palácio do Planalto – do ex-governador Geraldo Alckmin – não decola. Pelo contrário: é crescente o número de críticos de alta plumagem ao projeto do cacique nacional. A mesma onda de impopularidade, acreditam, poderá ser refletida nas eleições do Distrito Federal.
Esses foram os principais motivos para PPL e PHS deixarem a aliança. Enquanto isso, agremiações que permaneceram no projeto olham com desconfiança as chances de crescimento do tucano brasiliense.
Estratégia de dissimulação
Para observadores do cenário político local, o gesto de anunciar Izalci é apenas uma tentativa de os articuladores do grupo ganharem tempo para novas conversas. Há quem antecipe, inclusive, uma possível grande chapa encabeçada por Jofran Frejat (PR), que traria os já aliados para a composição. Nesse cenário, apostam, Izalci se tornaria o vice na chapa.
O embate, então, passaria a ser sobre as candidaturas ao Senado Federal. Pelo fato de uma das vagas já estar prometida para Cristovam Buarque (PPS), que tentará a reeleição, a outra passaria a ser disputada por três aliados.
O deputado federal Alberto Fraga (DEM) tentará ocupar a cadeira, assim como o ex-vice-governador Paulo Octávio (PP), apesar do questionamento da candidatura na Justiça – ele está inelegível devido a condenações na Caixa de Pandora. Outro nome nesse jogo é o do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), que sofre resistência para levar o partido a integrar a aliança.
Resolvido o imbróglio das escolhas, restariam às outras siglas as suplências dessas candidaturas ao Senado. A mais visada, no momento, é a de Cristovam, visto que as recentes pesquisas apontam o ex-governador como o preferido pelos eleitores. A disputa também promete ser acalorada e render ainda mais debandadas.
Foro privilegiado
Há outra questão determinante: muitos políticos desse grupo – como Izalci Lucas e Alberto Fraga – tiveram processos judiciais enviados para a primeira instância judicial após o Supremo Tribunal Federal (STF) restringir o alcance do foro privilegiado. Para eles, há risco de que tais ações sejam analisadas de forma mais célere.
Até agosto, quando os partidos terão de oficializar as candidaturas, muitas rodas de conversa ainda devem ocorrer. Com todas essas variáveis no tabuleiro, é certo que muitas surpresas aguardam os eleitores até o dia da votação, em 7 de outubro.
Fonte: Metrópoles
Foto: Viola Jr/Câmara dos Deputados