Após ser indiciado, administrador de Águas Claras pede exoneração
Para evitar autuação da Agefis, ele teria emitido documento com informações falsas em favor de uma empresa, segundo a Polícia Civil
Manoel Valdeci Machado Elias, administrador de Águas Claras, pediu exoneração na tarde desta quinta-feira (18/1), após ser indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por falsidade ideológica. Ele teria emitido documento com informações falsas, em favor de um bar instalado na região administrativa. A fraude seria para evitar a autuação da Agência de Fiscalização (Agefis). O inquérito é da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap). O indiciamento foi divulgado pelo Metrópoles em primeira mão.
Em nota, a PCDF explicou que o administrador, em setembro de 2017, determinou a confecção de documento público em favor de uma empresa, “inserindo nele falsa declaração para que referido estabelecimento se eximisse de ser autuado em possível fiscalização”.
Também em nota, a administração negou qualquer irregularidade. Segundo o órgão, “a licença solicitada pelo estabelecimento comercial, para ocupação de área pública, foi protocolada no dia 29/8/2017, com todos os documentos necessários”.
Entretanto, apesar de a documentação necessária para a emissão da licença estar nos autos administrativos, a regional disse que estava impedida de emitir a licença devido ao processo então em andamento, de cadastramento dos servidores da administração no sistema Sislanca, gerador do boleto.
Esclareceu, ainda, que o órgão emitiu a declaração para se resguardar formalmente, com a explicação pelo impedimento da emissão da licença naquele momento. Na semana seguinte, houve o cadastramento de um servidor no referido sistema, e isso possibilitou a geração do boleto para, assim, a empresa realizar o pagamento da taxa, e a licença ser emitida.
Perfil
Ligado a associações comerciais, Elias assumiu a administração em novembro de 2015, após a saída da arquiteta Patrícia Veiga Fleury. A indicação de Manoel partiu da deputada Telma Rufino (Pros). O nome dele integrava uma lista que foi entregue ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Entre as sugestões, figuravam mais dois nomes. À época, a justificativa para a escolha de Elias foi a forte presença dele no setor produtivo.
Em abril do ano passado, ele passou a integrar o quadro da presidência da Federação das Associações Comerciais do Distrito Federal, incluindo a de Águas Claras. Em 2006, foi administrador da mesma região administrativa. De acordo com o Tribunal de Contas do DF, os balanços de sua gestão foram aprovados com ressalvas. Dos problemas apurados, o tribunal destacou “falhas dos controles internos relativos à ocupação de área pública e dispensa de diversas licitações para aquisição de material de consumo”.
Segundo o perfil de Elias, divulgado pela pela própria administração, ele tem participação em diversos conselhos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, inclusive no Copep/Pró-DF e FCO, e ainda com ofícios da maçonaria, onde está há mais de 30 anos.
O administrador também aparece no sistema da Receita Federal como proprietário de uma loja chamada “A & A – Tecidos e Decorações LTDA”, localizada na Área de Desenvolvimento Econômico de Águas Claras. O capital social da empresa é de R$ 10 mil. No site do órgão, é possível identificar Elias como o responsável pela Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Águas Claras.
Procurada, a Administração Regional de Águas Claras informou que Elias estaria em uma reunião no Palácio do Buriti e não poderia se manifestar. A reportagem enviou o pedido de esclarecimentos por volta das 13h40, mas, até a publicação desta matéria, o administrador não havia retornado o contato.
Fonte: METRÓPOLES – Foto: ADM ÁGUAS CLARAS/DIVULGAÇÃO