ARTIGO: Um governo fora de si

Por Percival Puggina (*)

Ao revogar sua iniciativa em relação ao Pix, ao voltar atrás em seu solene compromisso com “a transparência das negociações financeiras globais”, o governo petista não caiu em si. Não! Ele está onde sempre esteve, fora de si, porque nunca esteve e jamais estará onde e com quem diz estar. Hoje senta com China, Rússia, Irã, Hamas, Venezuela, Cuba e outros que tais.

O PT é o partido de uma suposta elite intelectual, de uma suposta elite cultural e de uma suposta elite sindical. Ou seja, o grupo político que quase conseguiu hegemonizar a política brasileira não tem a menor ideia de como vive o povo que não está no mercado formal de trabalho e não se contenta com viver da miserável ajuda proporcionada pela assistência social pública.

Foi contra esses milhões de trabalhadores que um governo de burocratas de carreira decidiu agir e sente-se à vontade para fazê-lo porque sua turma é a turma do contracheque, do bom dinheiro na conta no fim do mês, preferivelmente creditado pelo Estado, esse bom patrão de quem lhe lambe os pés. Por isso e só por isso, são tantos fazendo política em tempo integral.

O governo petista agiu frontalmente contra o homem e a mulher brasileiros que se viram para proporcionar à sua família a melhor condição possível com as mínimas condições disponíveis. Mais do que qualquer outro, o brasileiro da informalidade é uma pessoa de bem que vive perto do mundo do crime e da miséria e diz não a ambos! Não quer as correntes de ouro que adornam o pescoço do bandido nem o prato vazio de quem se conformou com a indigência. Ele acorda toda manhã e vai ao mercado – esse mercado do qual o PT fala tão mal – operar em seu nicho habitual, na esquina, no ponto, na banca ou no nicho de cada dia.

Políticos e burocratas com maior ou menor poder, que deixaram a alma em algum lugar do passado, realmente não tinham a menor ideia da extensão dos danos que causariam a tantos seres humanos e ao próprio Estado. Agora, em vez de examinarem a própria consciência, esbravejam ameaças contra quem lhes apontou o erro e, como de hábito, os denunciam como culpados pelo caos que eles mesmos produziram. É para poderem agir sem contestações que precisam, tão insistentemente, de múltiplos instrumentos de censura.

Como não lembrar de Roberto Campos quando definiu o PT como o partido dos trabalhadores que não trabalham, dos estudantes que não estudam e dos intelectuais que não pensam?

(*) Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

Fonte: Site puggina.org, gentilmente disponibilizou este artigo para o DF In Foco News

Foto: Reprodução

Deixe seu comentário