Bebianno: Olavo em nada tem contribuído para melhorar o Brasil

O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, concedeu uma entrevista exclusiva para Revista Veja. A edição de número 2635, que será distribuída nas bancas a partir da próxima semana. O bate-papo foi realizado com o jornalista do Grupo Abril, Maurício Lima.

Ao avaliar a atual conjuntura política, o ex-ministro pontuou os principais pontos positivos e negativos. Para Bebianno, o maior erro de Bolsonaro é a “falta de diálogo e Coordenação”. Os acertos, por sua vez, é “ter trazido os militares para o governo e ter apostado no ministro Paulo Guedes e Sérgio Moro”, afirmou o entrevistado. O ex-ministro acredita que “os militares são o que há de melhor nesse governo”.

Ao fazer uma reflexão sobre sua experiência no cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Bebianno disse que o principal aprendizado foi “que o poder seduz e altera o comportamento das pessoas. Torna-as arrogantes e compromete a memória”. Na sequência, o ex-ministro ressaltou que “na política, a nossa maior virtude deve ser manter os pés no chão e os verdadeiros aliados por perto”, declarou à Revista Veja.

Exoneração

Ao ser questionado sobre a continuidade da relação com Bolsonaro após ser demitido, Bebianno lembrou de ter trocado mensagens pelo WhatsApp “logo após o vazamento de áudio do Onyx Lorenzoni”, mas que “a mensagem que ficou foi de pesar pelo ocorrido”. Em tom de mensagem, o ex-ministro desejou “que ele [Bolsonaro] valorize seus aliados e ministros, contribua para o diálogo”, falou.

Para o ex-ministro, faltou lealdade por parte do governo no episódio que culminou na sua saída do governo. “O que me deixou perplexo, no entanto, foi a forma desleal com que fui tratado. Foi um linchamento público desmedido, sob falsas acusações. Ainda de acordo com Bebianno, “tentaram sujar o meu nome e denegrir a minha imagem e honra, isso eu considero inaceitável”, disse. 

Na avaliação em relação as interferências externas no modus operandi do governo, Bebianno disse que há algum tempo está desestabilizada. “A liderança do presidente está abalada e vem sendo questionada desde o meu episódio, hoje agravado pelo mesmo comportamento em relação aos militares”, classificou.

Carlos Bolsonaro 

Sobre o papel do filho do presidente, Carlos Bolsonaro, Bebianno avaliou que foi “nenhum”. Vereador do Rio de Janeiro, Carlos é chamado de 02 pelo pai e foi protagonista na polêmica que culminou na saída de Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Bebianno fez avaliações negativas sobre o papel de Carlos Bolsonaro na eleição do presidente. “Ficar sentado no sofá de casa, ofendendo os outros e falando bobagens pela internet é bem fácil. Carlos nunca fez sequer uma viagem conosco pelo Brasil afora. A única viagem em que esteve presente foi a de Juiz de Fora (MG), a do atentado, pois era um trajeto curto”, revelou à Veja.

Em outro ponto, Bebianno diz que o 02 sempre esteve distante durante a campanha eleitoral. “A verdade é que Carlos nunca se sacrificou pela campanha do pai, nunca dormiu no chão do aeroporto, nunca cuidou da segurança, sempre esteve distante”, desabafa.
Questionado de quando começou o atrito com o filho do ex-chefe, disse que antes de Jair Bolsonaro tomar posse na presidência da República já era solicitado o afastamento de Bebianno do grupo de trabalho. “Esse processo iniciou antes da posse, quando Carlos Bolsonaro já exigia do pai meu afastamento do grupo. O filho do presidente ameaçava ir embora caso se confirmasse minha nomeação como ministro. […]Ele [Carlos] sabe como manipular o pai, usando Teorias da conspiração sem fundamento algum”.

Guru de Bolsonaro

Quando perguntado pela Revista Veja sobre o que fortalece acesso de Olavo de Carvalho as pautas do governo, o ex-ministro disse que “essa influência se dá por meio dos filhos, especialmente Carlos e Eduardo”.

Bebianno acredita que Bolsonaro enfrenta barreiras devido aos posicionamentos rígidos de Olavo. “O presidente está tendo uma grande dificuldade para impor limites, e isso atrapalha o governo”, disse. 

Perguntado sobre a contribuição de Olavo para o atual governo, o ex-ministro destaca que tem trabalhado pouco para a construção de um país melhor. “Em relação ao Olavo, é um teórico, que em nada tem contribuído para melhorar o Brasil. Critica tudo e todos, mas jamais se dispôs a vir ajudar”, enfatizou Gustavo Bebianno.

Candidaturas irregulares

Ex-presidente nacional do Partido Social Liberal (PSL), Bebianno ficou responsável pelas candidaturas nas eleições de 2018. A reportagem perguntou sobre o suposto esquema de candidaturas laranjas da sigla, com investigações em andamento, Bebianno negou que houvesse alguma irregularidade na distribuição das verbas de financiamento eleitoral. “Até onde eu sei, não existe laranjal no PSL. É mais fácil isso ter acontecido em outros partidos. O PSL recebeu apenas 5% do Fundo Eleitoral”, posicionou.

Fonte: Justiça Em Foco – Por Mário Benisti – Foto: Planalto Flickr

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