Bolsonaro Presidente Eleito de Todos os Brasileiros
São vãs as incertezas sobre desvios do governo eleito neste domingo (28) por causa da presença de militares em cargos relevantes. Passada a tempestade eleitoral, é razoável dar uma olhada na História para avaliar o comportamento de presidentes oriundos das Forças Armadas. O retrospecto é tranquilizador.
Vitorioso nas urnas neste domingo, o capitão Jair Bolsonaro é o segundo militar profissional a chegar à presidência da República dentre os quatro candidatos fardados depois da redemocratização de 1945. Além dele, Eurico Gaspar Dutra em 1946 foi eleito e governou, enquanto Juarez Távora, em 1955, e Henrique Teixeira Lott, em 1959, foram derrotados. Ambos reconheceram as derrotas e os eleitos assumiram. Placar: dois a dois.
Mais advogados que militares
Entre todos, somente os advogados, ganham dos militares, de 45 para cá: foram três bacharéis (Getúlio Vargas, Jânio Quadros e José Sarney), um médico (JK), um administrador de empresas (Collor), um sociólogo (FHC), um torneiro mecânico (Lula) e uma economista (Dilma). Embora tenha sido eleito pelo Colégio Eleitoral, Sarney figura entre os democraticamente legítimos.
Entre os vice-presidente que governaram, Café Filho, Jango Goulart e Michel Temer, eram advogados, e Itamar Franco, engenheiro. É bem variada a formação acadêmica dos mandatários brasileiros.
Tudo no “Livrinho”
Tudo pela Constituição, garante Bolsonaro ou pelo livrinho como já dizia o ex-presidente Dutra
O retrospecto dos presidentes militares não autoriza o temor do autogolpe, tão difundido na propaganda eleitoral. Pelo contrário: sempre que estimulado por seus assessores e seguidores e dar um golpe de estado para impedir a volta de Getúlio Vargas ao poder, o presidente Dutra perguntava: “está no livrinho?” o tal livrinho era a constituição. Este é o exemplo relevante.
Também o Marechal de Ferro, Floriano Peixoto, se manteve nos limites da Constituição ao se recusar a assinar como presidente da República. Sempre se apresentou como vice-presidente no exercício da presidência, pois pela Lei Magna deveria convocar eleições.
Estado de Sítio
Entretanto, justificando-se com ameaças reais de duas revoltas armadas de grandes proporções, a Revolução de 93, dos Maragatos, no Rio Grande do Sul, e a Revolta da Armada, na Baia da Guanabara, manteve-se no poder sob Estado de Sítio. Terminado seu tempo, fechou as gavetas, saiu do Palácio do Itamarati e tomou um bonde para a casa de sua irmã, no bairro da Tijuca. Seu sucessor, civil, Prudente de Morais, encontrou a sede do Executivo vazia. Pegou a caneta e começou a governar. Floriano não deu autogolpe.
Acesso aos novos Poderosos
Nestes próximos dias o mundo econômico vai tomar pé e se situar diante do novo governo. A campanha eleitoral obnubilou os projetos do novo governante, submetido a um corredor polonês de seus adversários. Passada a tempestade, o horizonte vai se esclarecer. Para os gaúchos há a perspectiva de bom acesso aos novos poderosos, diante da participação no núcleo central do novo governo de dois gaúchos comprometidos com o Estado, o deputado Ônix Lorenzoni e do general Hamilton Mourão. As cartas estão abertas na mesa.
Dentro dos limites constitucionais
Ressalvando as turbulências normais à trajetória dos governos submetidos a forças políticas em regimes democráticos, os mercados avaliam que o governo do presidente Bolsonaro estará sempre dentro dos seus limites constitucionais. Assim sendo, os negócios vão se desenvolver dentro das circunstâncias, sempre sob as garantias jurídicas. Também o Brasil estará de bem com a comunidade internacional de negócios, pois nestes tempos atuais não se admitem ditaduras ou rompimentos institucionais. Os capitais fogem de republiquetas.
A coluna Repórter Brasília é publicada também no Jornal do Comércio, o jornal de economia e negócios do Rio Grande do Sul
Fonte: Blog Edgar Lisboa
Fotos: Reprodução