Bombas vazias. No DF, 60% dos postos não têm mais combustíveis
Alguns estabelecimentos fecharam as portas. Os que ainda funcionam, estão lotados de consumidores indignados
Quem necessita abastecer o carro nesta quinta-feira (24/5) tem de ter muita paciência. Em 60% dos postos os consumidores não encontram mais combustíveis, segundo o sindicato que representa os empresários do setor, o Sindicombustíveis. Os que ainda possuem estoques estão com filas quilométricas.
“Ainda não temos perspectiva de melhora. É um cenário preocupante. Sabemos que é uma luta justa dos caminhoneiros, mas está gerando dificuldades enormes para a população e para o empresário que acaba tendo um prejuízo enorme”, disse a presidente do Sindicombustíveis, Elisa Schmitt Monteiro.
Dono de postos em Ceilândia, Taguatinga e Santa Maria, Marcelo Calil, 46 anos, garante que a sua rede não tem mais gasolina desde cedo. “Só dispomos de álcool e diesel. E não deve durar muito mais. Se não houver reabastecimento, vamos fechar. Não tem outro jeito. O prejuízo será enorme”, ressaltou, pela manhã.
No posto da QL 6 do Lago Sul, por volta de 8h30, o estoque dos combustíveis havia zerado, menos o do diesel. “Não temos o que fazer. Estamos dispensando os clientes. Sem previsão de chegada de combustíveis. O prejuízo é grande”, garantiu o gerente Alexandre Farias, 27.
No posto BR da 413 Sul, as bombas esvaziaram na noite de quarta (23). “As pessoas estão desesperadas em busca de gasolina”, contou a gerente Shisley Santos, 34. No da 212 Sul, com a mesma bandeira, restavam apenas 1 mil litros desse combustível pela manhã. A fila para abastecer era enorme.
De acordo com o gerente do estabelecimento, Júnior Gomes, 32, ele normalmente vende 10 mil litros do combustível por dia. “Até agora, comercializamos 4 mil litros e o estoque está acabando”, lamentou.
Consumidores indignados
Os consumidores mostram-se indignados com a situação. “Estou achando uma vergonha o que está ocorrendo. Tem gente cobrando R$ 10 pelo litro da gasolina. Os impostos estão cada vez mais pesados e nós somos os grandes prejudicados”, opinou a assessora Cíntia de Carvalho, 43.
O professor Antônio Alves, 55, decidiu enfrentar fila para garantir gasolina pelos próximos dias. “Não sei se vai ter mais tarde, então resolvi abastecer agora. Os impostos são abusivos e esperamos uma solução para toda essa crise”, ressaltou.
O porteiro Paulino Vaz, 41, passou por três postos em Ceilândia em busca de gasolina. No terceiro, ficou pelo menos 40 minutos na fila e pretendia ficar até conseguir abastecer. “Não tenho combustível para sair daqui”, afirmou. O estabelecimento da QNN 6 começou com 10 mil litros de gasolina comum e 5 mil de aditivada. “Álcool não tem desde domingo”, contou um funcionário.
O desabastecimento se agrava no quarto dia da greve dos caminhoneiros. Os protestos ocorrem nas estradas de todo o país. No Distrito Federal, o preço da gasolina desde terça-feira (22) está em torno de R$ 4,78, apesar de duas quedas seguidas.
E tem abusos em alguns estabelecimentos. Depois que a gasolina chegou a R$ 9,99 por litro na noite dessa quarta-feira (23), em Águas Claras e Planaltina, o Governo do DF determinou que fiscais do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) saiam às ruas para coibir a prática de aumento abusivo no DF.
O órgão orienta que, ao abastecer com valores acima do previsto, o consumidor peça a nota fiscal e se apresente em um dos postos do Procon para registrar reclamação. A partir de 8h desta quinta (24), os fiscais do Procon estarão distribuídos em todas as regiões administrativas.
Fonte: Metrópoles
Foto: Filipe Cardoso/Especial para o Metrópoles