Como lidar com a transformação de sentimentos da adolescência

Por Psicóloga Livia Marques (*)

Com o surgimento da puberdade e o início da adolescência, tudo fica diferente nos filhos. Isso vai muito além da fisionomia, altura e a voz. Até a maneira de pensar e agir mudam completamente. Como os pais podem entender essas transformações de humor e sentimentos?

Por exemplo, o filme Divertida Mente 2, produzido pela Pixar, apresenta de maneira lúdica essas alterações na vida dos jovens. A continuidade do desenho mostra a personagem Riley, agora adolescente, vivenciando diferentes sentimentos. Por exemplo, a famosa “sala de controle” também conta com diferentes emoções com uma valência que anteriormente não eram tão percebidas pela personagem.

A ansiedade, a inveja, o tédio e a vergonha se juntam aos companheiros alegria, tristeza, raiva e nojo. Aumentando o repertório emocional da adolescente.

O filme pode ajudar os pais a entenderem a importância de compreender as mudanças nos jovens. Isso também faz refletir sobre os adultos que precisam entrar em contato com suas emoções, além de entender que todas elas fazem parte da vida de cada um de nós.

Por exemplo, a adolescência é marcada por muitas cobranças e julgamentos. Geralmente, nessa fase da vida ouve-se muito: “você já tem tantos anos, se comporte como uma pessoa de sua idade” ou “Pare de agir como adulto [ou criança]”. São as frases clássicas ditas por mais e outros adultos presentes na vida dos adolescentes.

Vale lembrar que os adolescentes estão em uma fase em que as pessoas acreditam que apenas seja a problemática. Na verdade, estão descobrindo e fortalecendo seus valores, além de estarem cheios de criatividade.

A orientação sempre virá dos adultos. Porém, para além disso, eles continuarão desenvolvendo o seu treino de habilidades socioemocionais diante de muitos desafios. Em contrapartida, muitas serão as novidades e as novas preocupações.

A vinda dos novos personagens/emoções, que chegam para compor o longa-metragem, nos mostra que sentir emoção não é ruim. A grande questão que se deve levar em conta é sobre como a valência de cada uma delas impacta nossas vidas. E ainda, como lidamos quando uma determinada emoção está numa valência alta ou muito baixa?

Outro ponto a se pensar é sobre o fator inibição emocional. É um comportamento onde a pessoa não demonstra o que se sente e muito menos se permite sentir. Muitas pessoas acreditam ser um grande erro demonstrar sentimento e entrar em contato com o que se sente. É o resultado de acreditar, por quase uma vida inteira, que sentir emoção é ruim. Quem nunca passou por isso?

A emoção é algo que todos nós podemos sentir e acolher. Também devemos pensar em como serão nossas ações e estratégias para lidar com cada uma delas. Isso é uma forma de aprender a lidar com nosso lado mais vulnerável e com nossos lados mais felizes e mais sérios (ou adulto).

Portanto, que possamos lidar de forma mais saudável com o nosso sentir e viver uma vida que tenha regulação emocional e humanização das nossas vulnerabilidades. Junto disso, refletir que podemos, de forma coletiva e individual, buscar um caminho que não seja de julgamentos e culpas.

(*)  Livia Marques – Psicóloga Clínica, Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, Formação em Terapia do Esquema, Estudiosa em relações raciais e saúde mental negra, Palestrante, MBA em Gestão de Pessoas, Coordenadora editorial e autora, além de apaixonada pelo filme Divertida Mente.

Livia Marques, psicóloga – Foto: Afroafeto

Fonte: Agência Drumond – Assessoria de Comunicação

Por Joyce Nogueira

Foto: Divulgação

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