Corrupção da Odebrecht gera tragédias em série
Até aqui já foram computadas cinco mortes ligadas à corrupção da Odebrecht: três na Colômbia, uma na Bahia e uma no Rio Grande do Sul.
Incontáveis empresas já foram à falência, gerou-se um desemprego medonho e a economia do Brasil, diante de tanta corrupção e incompetência, foi para a UTI, estando em estado grave. A corrupção não é a única responsável pela patologia, mas para ela muito contribuiu.
Expulsão da Dilma e do PT do poder e do clube das elites dirigentes, não reeleição de incontáveis candidatos (em 2016 e 2018), milhares de desempregados e por aí vai.
Em fevereiro de 2017 a empreiteira fez uma “delação do fim do mundo” no Peru. Um dos envolvidos, o ex-presidente Alan García, que recebeu propina da citada empreiteira (como disse um ex-diretor da empresa) e chegou a pedir asilo no Uruguai, ao ser cientificado de um mandado de prisão em sua casa, disparou um tiro na própria cabeça e se matou.
O ônibus que transportava fãs do líder peruano para o seu velório bateu numa ponte e matou sete pessoas, conforme noticiado pela imprensa. Outras 40 ficaram feridas.
Marcelo Odebrecht, num e-mail, fez referência ao presidente do Supremo, Dias Toffoli, o que significa um grande prejuízo para a instituição do Supremo. O grave é que a destruição das instituições faz parte da estratégia de poder dos populismos no mundo todo.
A Odebrecht conseguiu espalhar sua maléfica corrupção para toda América Latina e alguns países da África. Isso foi feito, como disse o patriarca da empresa, Emílio, com o aval do Lula e o dinheiro barato do BNDES (leia-se, do povo), que foi usado como alavanca para o enriquecimento da empresa e o pagamento de propinas urbi et orbi.
No Peru, Pablo Kuczynski (o PPK), ex-presidente de direita, teve que renunciar ao seu mandato e está preso preventivamente (por 3 anos) devido às delações da empreiteira, tanto no Peru como no Brasil e nos Estados Unidos.
Dois outros ex-presidentes peruanos estão envolvidos na trama odebrechtiana: Alejandro Toledo (2001-2006), de direita (ele está nos EUA e sua extradição já foi solicitada), e Ollanta Humala (2011-2016), de esquerda.
Fujimori, de direita, esteve preso por envolvimento em outros casos de corrupção e autoritarismo. Mas sua filha (Keiko Fujimori, líder da maior força política nacional) não escapou da teia de aranha maquinada pela Odebrecht. Está na iminência de ir para a cadeia. Calcula-se que todo o escândalo gerou perda de 1.5 ponto no PIB e destruição de 150 mil empregos.
No Peru está sendo possível o império da lei em virtude da vontade política do seu atual presidente, Martín Vizcarra. Ao encontrar oposição no Congresso, ele colocou em marcha um referendo com várias reformas políticas (levou 80% dos votos). O procurador-geral, ao tentar impedir a investigação, foi derrubado do seu posto.
A Lava Jato, como bem lembrou Merval Pereira, ao investigar as contas internacionais, secretas ou declaradas, do marqueteiro João Santana, descobriu incontáveis esquemas ilegais de financiamento de campanhas. Para isso ele usava contas em paraísos fiscais alimentadas pela Odebrecht.
Assim funciona o clube das elites da rapina. Seus membros do Mercado pagam campanhas eleitorais em troca de obras e contratos futuros. No final, na hora da corrupção, Mercado, Estado e Políticos se unem para o saqueamento inclemente do povo.
Dos governantes financiados pela Odebrecht vários estão presos ou sendo acusados ou processados por corrupção, como Rafael Correa, do Equador, Cristina Kirchner, da Argentina, Lula, do Brasil, Maduro, da Venezuela, Alan García e PPK no Peru, dentre outros.
A maquinaria da propina da Odebrecht foi exportada para diversos países: Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Panamá, Peru e Venezuela. A atuação da Odebrecht na construção de hidrelétricas, aqui e em países da América Latina e da África, elevou o volume de corrupção.
A falta de ética nas relações sociais, políticas e empresariais custa muito caro. Quem adota esse estilo de vida e é pego pela lei tem consequências drásticas.
A vida corrupta, quando se observa o império da lei, gera tragédias incalculáveis, sobretudo para a população que paga a conta. Quando não é enquadrada na lei, gera fortunas nababescas, atraso econômico, educação de má qualidade e por aí vai.
Dentro da lei, temos que investigar e punir os corruptos de todas as tendências ideológicas, sem prejuízo da adoção de medidas preventivas capazes de evitar na raiz tantas tragédias.
Sobre Luiz Flávio Gomes: Titular da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania) e Suplente na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime organizado. Criador do movimento de combate à corrupção, “Quero um Brasil Ético”. Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri. Mestre em Direito Penal, pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Foi Delegado de Polícia aos 21 anos, Promotor de Justiça aos 22 e Juiz de Direito aos 25, exerceu também a advocacia. Fundou a Rede LFG, democratizando o ensino jurídico no Brasil. Doutor em Direito Penal, jurista e professor. Publicou mais de 60 livros, sendo o seu mais recente “O Jogo Sujo da Corrupção”. Foi comentarista do Jornal da Cultura. Escreve para sites, jornais e revistas sobre temas da atualidade, especialmente sobre questões sociais e políticas, e seus desdobramentos jurídicos. Em 2018 candidatou-se pela primeira vez com o objetivo de defender a Ética, a Justiça e a Cidadania. Eleito Deputado Federal por São Paulo – PSB com 86.433 votos.
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Fonte: Assessoria de Impensa – Por Fernanda Müller
Foto: Arquivo Pessoal