Críticas ao retorno de russos às competições são lamentáveis, diz COI

Thomas Bach defende que autonomia do esporte seja respeitada

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, classificou como “lamentáveis” as críticas de alguns países europeus às recomendações da entidade, feitas na última terça-feira (28), para que federações esportivas permitissem a volta de russos e bielorrussos às competições internacionais, como atletas neutros em modalidades individuais.  A exclusão dos atletas estava em vigor desde fevereiro do ano passado, quando ocorreu a invasão militar da Rússia na Ucrânia. Entre as nações que discordaram das medidas do COI para permitir que russos e bielorrussos voltassem a competir estão Reino Unido, Alemanha, Polônia, Ucrânia e República Tcheca, que defendem o banimento dos atletas enquanto a guerra estiver em curso. 

“É lamentável ver que alguns governos não querem respeitar a maioria dentro do movimento olímpico e todas as partes interessadas, nem a autonomia do esporte”, afirmou Bach em entrevista coletiva, ao final de uma reunião do comitê executivo em Lausanne (Suíça), de acordo com a agência de notícias Reuters. “É lamentável que esses governos não abordem a questão de padrões duplos. Não vimos um único comentário sobre a participação de atletas de países das outras 70 guerras e conflitos armados ao redor do mundo”, completou o dirigente.

Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach
“É lamentável que esses governos não abordem a questão de padrões duplos. Não vimos um único comentário sobre a participação de atletas de países das outras 70 guerras e conflitos armados ao redor do mundo”, afirmou Thomas Bach durante coletiva nesta terça-feira (30)  – Reuters/Denis Balibouse/Pool/Direitos Reservados

O conjunto de recomendações do COI às federações internacionais tem como objetivo permitir que atletas de Rússia e Belarus voltem gradualmente ao cenário esportivo mundial. A entidade estabeleceu alguns requisitos para que os atletas dos dois países possam voltar a competir como neutros. Entre as condições estão a de não ter apoiado a guerra ativamente; não ser contratado de instituições militares ou agência de segurança; e se comprometer a não fazr referência aos próprios países seja por meio de hinos, ou uso de uniformes com a bandeira (cores) nos locais de competições.

Vale ressaltar que segue indefinida a participação de russos e bielorrussos na Olimpíada de Verão de Paris (2024) e nos Jogos de Inverno na Itália (2026). O COI afirmou na última terça (28) que tomará a decisão sobre a presença deles dois eventos “em momento apropriado”.

Descontentamento russo

O presidente do Comitê Olímpico Russo, Stanislav Pozdnyakov, considerou “inaceitáveis” os critérios estabelecidos pelo COI para a volta dos atletas às disputas internacionais. O dirigente também discordou que russos devam competir como atletas neutros.

“Os parâmetros anunciados são absolutamente inaceitáveis. Isso é discriminação com base na nacionalidade, conforme observado repetidamente por especialistas internacionais em direitos humanos…”, disse Pozdnyakov em entrevista coletiva na última terça (28), segundo a agência Reuters. “O status neutro é uma violação dos direitos humanos… Acreditamos que as condições propostas são infundadas, sem base legal e excessivas. Discordamos categoricamente da realização de procedimentos antidoping adicionais em relação aos atletas russos”, concluiu o dirigente russo.

Foto: Reuters/Denis Balibouse

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