Custo da saúde diminui com tecnologia e foco na atenção primária
Seminário discutiu os desafios do sistema de saúde no Brasil para o futuro diante do envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida
De nada adianta resolver a fila de espera de exames e internação se não houver investimento em saúde primária e tecnologias para monitorar a qualidade do cuidado às pessoas. Com essa afirmação, o secretário de Ciência e Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, abriu o seminário QR Content, que reuniu em São Paulo autoridades do setor de saúde para debater um sistema sustentável para o Brasil nos próximos anos. O evento celebrou os 10 anos da Qualirede, empresa líder em gestão de saúde no País.
A ideia de priorizar a atenção dada ao indivíduo antes que ele se torne paciente de alta complexidade esteve no centro das discussões do evento. É consenso entre os especialistas que o aumento contínuo dos custos do sistema de saúde é resultado de um atendimento primário insuficiente, que foca mais em doenças do que em pessoas. Uma realidade tanto da saúde suplementar, responsável por 45 milhões de brasileiros, quanto no Sistema Único de Saúde (SUS), que atende os outros 170 milhões.
Como contramedida, o secretário garante que o Ministério da Saúde está trabalhando para criar um padrão mínimo de dados para que os gestores da área possam ser avaliados pelo nível de performance no atendimento primário. “Já temos um modelo de sistema de informação para monitorar esses indicadores que vai nos ajudar a pagar os profissionais de saúde pelo seu desempenho. Aquele que entregar mais, vai ganhar mais”, afirmou.
Outro compromisso, segundo Denizar Vianna, será tratar cada município conforme suas particularidades e não mais de forma igual. “Mais de 70% das cidades brasileiras têm menos de 20 mil habitantes. Essas localidades apresentam grandes dificuldades de gestão, como a falta de escala para a compra de insumos”, destacou. O secretário ressaltou, ainda, que o Ministério buscará uma aproximação cada vez maior do SUS com a saúde privada, o que deve gerar ganhos para os dois lados, da avaliação tecnológica de tratamentos e medicamentos até a redução de custos de alguns insumos.
Para a Qualirede, que atende a 1,2 milhão de vidas de beneficiários de planos de saúde e mais de 47 mil pessoas por meio de quatro clínicas próprias de atenção primária, o uso de tecnologia é decisivo na saúde suplementar, mas a atenção que é dada às pessoas deve estar sempre em primeiro lugar. “Nossa atuação deve sempre buscar formas de melhorar a vida das pessoas. Quem tem mais saúde tem mais felicidade”, afirmou Irene Minikovski Hahn, presidente da Qualirede.
Para a executiva, quando se investe em atenção primária, os ganhos são inversamente proporcionais. As pessoas ficam menos doentes e o hospital se torna um local de atendimento somente a casos de maior complexidade. Sobretudo em um cenário de envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida, o que acarreta o aumento de doenças crônicas a serem tratadas, impactando nos custos do sistema.
Sobre o uso de tecnologia na saúde suplementar, Irene destacou que os investimentos em inteligência artificial, data analytics, data science e análises preditivas são fundamentais. “São tecnologias que utilizamos intensamente e com alto índice de retorno. Mas todo esse aparato só faz sentido se o foco estiver 100% voltado para os pacientes”, completa.
Para Claudio Lottenberg, presidente do UnitedHealth Group Brasil, a formação médica no Brasil ainda é muito focada na doença e não na saúde do paciente. “Há uma tendência em se transformar o que não é complexo em alta complexidade, sem colocar o paciente no centro do atendimento”, afirmou.
Na mesma linha, a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Samantha França, destacou que a atenção primária à saúde deve ser a premissa de todo sistema de saúde, como já acontece em muitos países da Europa. “Não acredito em um sistema ou serviço que não seja pensado em rede, que não seja pensado a partir do território e das necessidades da população que precisa ser atendida. Precisamos considerar os diferentes níveis do sistema e o percurso do paciente, para que ele possa estar no lugar certo na hora certa”.
Blog para gestores de saúde
Como o médico de família pode auxiliar com hábitos de alimentação saudável? Futuro da medicina, telemedicina, prevenção de doenças. Para responder a essas questões de forma leve e objetiva, foi lançado durante o seminário o Blog QR Content – qrcontent.qualirede.com.br.
A proposta do canal é ideia é produzir conhecimento de qualidade para subsidiar decisões médicas. Todos os participantes do evento gravaram diversos conteúdos de gestão e saúde que serão disponibilizados no Blog no formato de podcast.
Fonte: LLYC – Assessoria de Imprensa / Qualirede – São Paulo/SP
Por Ananda Vieira
Foto: Divulgação