Dados alarmantes e contaminação: os riscos da destinação incorreta de resíduos
Por Francisco Oliveira (*)
Atualmente, a geração de resíduos é um dos maiores problemas enfrentados no nosso país, principalmente, nos grandes centros urbanos. A falta de locais apropriados para a sua disposição e técnicas que apresentam valores cada vez mais elevados para seu tratamento são cada vez mais difíceis de serem implementadas. No Brasil, 41,6% das 78,3 milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente têm destinação inadequada, segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Tal situação se torna alarmante, representando um risco à saúde pública e ao meio ambiente. Elementos como Cádmio (Cd), Chumbo (Pb), Cobre (Cu), Arsênio (As), entre outros metais tóxicos, são grandes fontes de contaminação do solo por meio do descarte incorreto de lâmpadas, pilhas, baterias, restos de tintas, cimento, componentes eletrônicos, óleos lubrificantes, entre outros. Esses tipos de materiais deveriam ser, sem exceções, tratado com muita cautela durante os processos de coleta seletiva.
Mas, infelizmente, os dados são outros: informações do estudo Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado em 2017 pela Albrepe, 59% dos resíduos descartados foram em aterros sanitários, 22% em aterros controlados e 18% em lixões. Dos 214.868 resíduos descartados por dia, somente 196.050 foram coletados, resultando em 7 milhões, por ano, de toneladas coletadas inadequadamente.
Se você ainda não está convencido sobre a importância do assunto, ainda segundo dados do estudo, cada brasileiro produz 378 quilos por ano – e o problema, que parece só aumentar, revela que 40,9% do que é capturado pelo sistema de coleta regular é descartado de forma inadequada, num total de 29 milhões de toneladas, em lixões ou a aterros controlados.
Com tantos resultados alarmantes, o país presencia uma situação de colapso. Afinal, estamos falando da contaminação do solo e, direta ou indiretamente, resulta na poluição da água e do ar que resultam no desequilíbrio ecológico, graves problemas de saúde pública, liberação de gases poluentes, contaminação de alimentos, entre outras consequências negativas.
Mesmo com nove anos de vigência da lei que regulamenta a gestão de resíduos sólidos no país, que estabeleceu um cronograma para o fim dos lixões, que deveriam ser encerrados até 2014, devemos assumir nossas responsabilidades como cidadãos, já que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ainda não cobra, na prática, a responsabilidade de gestores públicos e empresas que estão obrigadas a fazer logística reversa.
* Francisco Oliveira é engenheiro civil e mestre em Mecânica dos Solos, Fundações, Geotecnia e fundador da FRAL Consultoria.
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Fonte: ML&A Comunicações | São Paulo/SP – Por Fernanda Beatriz – Foto: Reprodução