De defensor da educação a preso na Lava Jato. Conheça Arthur Machado

 

Praticante de artes marciais, empresário inovador capaz de desafiar grandes monopólios, entusiasta da educação e filantropo no Brasil e na África. Foi se apresentando assim que Arthur Mario Pinheiro Machado desembarcou no mercado e na política brasiliense.

Em outubro de 2017, ele adquiriu a Educar Holding, mais conhecida como o grupo educacional Alub. Rapidamente, começou a circular com empresários e políticos em Brasília. Nesse período na capital federal, desenvolveu projetos sociais em regiões carentes, deu aulas e ensaiou uma candidatura ao Congresso Nacional.

O empresário, no entanto, foi preso pela Polícia Federal na última quinta-feira (12/4), no âmbito da Operação Rizoma, um desdobramento da Lava Jato. A ação apontou Machado como o líder em um esquema criminoso de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção por meio de fraudes que geraram prejuízos aos fundos de pensão. Ao todo, Machado teria movimentado R$ 20 milhões em propinas.Trajetória
O carioca de 42 anos nasceu em uma família tipicamente de classe média. Os pais, um servidor público e uma  dona de casa, deixaram Belém (PA) para tentar a vida no Rio de Janeiro. Machado cresceu no bairro do Flamengo e fez engenharia mecânica na PUC Rio. O primeiro contato com o mercado financeiro foi como estagiário do banco de investimentos Opportunity.Após lucrar com a venda da Ágora, seguradora da qual se tornou sócio, Machado anunciou a criação da ATG (American Trading Group), uma nova bolsa de valores no mercado brasileiro de capitais. Ele estampou capas de publicações especializadas no Brasil e no mundo e publicou artigos em jornais e revistas renomados como The New York Times e Forbes. Sempre com o discurso de empresário inovador que desafiava o monopólio da BM&FBovespa. Em sete anos, angariou R$ 500 milhões sem nunca tirar o empreendimento do papel.

Vida nova
Arthur Machado deixou a imagem de nerd do mercado financeiro para assumir uma postura de investidor social ao se casar Maria Klein, em 2015. Figura constante em revistas de famosos, ela namorou o ator global Cássio Reis e o diretor da Record Thomaz Neves antes de conhecer o atual marido.

Juntos, os dois fundaram o Instituto Devir, que se define como “um agente de transformação social que promove a evolução da vida de crianças e jovens por meio da educação”. Recentemente, o casal adotou uma criança na África. Nas redes sociais, compartilha fotos em projetos sociais. Segunda esposa do empresário, Maria é filha de um dos acionistas da Santos Brasil.

Confira:

 

O esquema
De acordo com as investigações do Ministério Público Federal (MPF), uma das empresas que investiram na nova bolsa foi o fundo de pensão dos Correios, o Postalis, que ingressou, em 2010, como cotista aplicando R$ 119 milhões. Três anos depois, foi a vez do Serpros, que investiu R$ 72 milhões.

Segundo a apuração do MPF, após uma série de sofisticados esquemas de lavagem de dinheiro, parte dos investimentos voltaram ao Brasil para o pagamento de vantagens indevidas aos responsáveis pelos fundos de pensão. Machado contava com o auxílio de doleiros da organização criminosa do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.

A Operação Rizoma é resultado da delação do empresário e doleiro Alessandro Laber. Ao todo, 140 agentes cumpriram 10 mandados de prisão em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro. Também foram alvos da ação Marcelo Sereno, ex-secretário nacional de Comunicação do PT e homem de confiança de José Dirceu, e o lobista Milton Lyra, apontado como operador do MDB.

Logo após a prisão do empresário, a rede Alub divulgou nota comunicando o afastamento de Machado e informando que ele se dedicará exclusivamente à própria defesa.

Operação Pausare
Em fevereiro deste ano, Machado já havia sido alvo de outra operação da PF, a Pausare. Na ocasião, foi expedido um mandado de condução coercitiva, quando se é obrigado a prestar depoimento. A 10ª Vara Federal em Brasília também autorizou busca e apreensão em imóveis e escritórios do empresário, que mora no Rio de Janeiro. No entanto, segundo a assessoria dele informou à época, essas medidas não foram aplicadas.

Em vídeo exclusivo para o Metrópoles, o empresário afirmou que a ação da PF era resultado da postura inovadora e de combate aos monopólios assumida pelas empresas comandadas por ele. A gravação foi feita em Ilong, na África.

Veja:

 

 

 

Fonte: Metrópoles
Foto: Divulgção

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