De olho no pódio

 

O DNA da família Piquet é pura velocidade, e Brasília tornou-se berço de grandes nomes nos esportes a motor. Nos últimos anos, o piloto Nelson Angelo Piquet, mais conhecido como Nelsinho Piquet, consagrou-se no automobilismo em uma modalidade que a cada etapa cresce em audiência, atrai patrocinadores e é presença obrigatória para quem definiu a eletrificação da mobilidade urbana como negócio do momento e não mais do futuro.

Organizada pela Federação Internacional de Automobilismo, a Fórmula E é a primeira categoria global de carros elétricos. Na primeira temporada, Nelsinho conquistou o título de campeão mundial. Para o ano de 2018, o piloto vai competir pela equipe da Jaguar Racing. Nelsinho Piquet, também vai disputar na StockCar, sempre que o calendário não conflitar com Formula E. Será seu primeiro ano no Brasil desde o título da F3 Sul-Americana em 2002.

Em entrevista, Nelsinho Piquet fala da sua paixão pelas pistas, do descaso das autoridades com o autódromo de Brasília, e também das metas propostas que é ficar entre os cincos em todas as corridas. No entanto, a subida ao pódio virá como consequência.

Quais são as expectativas para a temporada internacional?

Espero conseguir conquistar a Alemanha esse ano,e na Fórmula E, as coisas estão indo melhores do que gente esperava. A gente está no Top 5 dos pilotos e no Top 4 das equipes, mas o ideal seria se a gente terminasse o ano entre os três pilotos, e isso seria muito bom pra gente. A gente continuar melhorando e evoluindo, do jeito que a equipe está, acho que tem a chance de ficar em terceiro no campeonato, e é um preparativo para a gente brigar pelo título na 5ª temporada.

Brasília já foi palco de grandes corridas, mas nos últimos anos a reforma do Autódromo foi interrompida. Quais impactos, enquanto piloto, avalia essa suspensão?  Há algum horizonte?

É uma pena. Brasília é uma das melhores pistas que tem. É uma das pistas que já teve Fórmula 1, quase teve Indy, corridas das maiores categorias do Brasil e até internacional.É uma pista que, assim, até hoje em dia é muito boa, imagina na época que ela foi construída,entendeu?Tipo…você pega outras pistas como Monza, outras pistas clássicas, você pega a 30 anos atrás, hoje elas ficam um pouco pequenas, e Brasília ainda é uma pista muito grande e muito boa. É uma pena.Eu acho que não é um custo muito alto de ter conseguido manter o autódromo. Eu acho que tudo que foi gasto na Copa do Mundo, com um estádio de R$ 1 bilhão de reais, sabe que com certeza teve muito dinheiro desviado, e infelizmente não conseguem gastar 1% desse dinheiro pro autódromo, e não é muita coisa que precisa, entendeu?

O autódromo tem muitos pilotos em Brasília, e Brasília já criou muitos pilotos, e enfim, isso acaba fazendo com que muitos pilotos tenham que migrar para São Paulo e outros lugares. E a gente viu Jacarepaguá que foi uma pista que foi destruída e eu não quero que isso aconteça, ainda mais na cidade onde cresci, onde meu pai cresceu, realmente é uma pena. Eu acho que por todo dinheiro que eles já investiram e no futebol já desviaram, e isso poderia ter sido investido no autódromo de Brasília para manter ele. Meu pai tentou fazer a parte dele, mas infelizmente ele cansou, e ele fazia aquilo por prazer, por querer ajudar o esporte em Brasília, mas não recebeu apoio de ninguém, só recebia crítica, e ele largou mão, infelizmente, e as pessoas, enfim é complicado. Eu nem peço mais pro meu pai tocar aquele negócio porque pra ele virou uma dor de cabeça. Ele não fazia isso por dinheiro, nem nada, ele gastava até dinheiro para manter o autódromo. Mas sem a ajuda do governo, das pessoas e de ninguém, realmente fica complicado.

Atualmente, a sua carreira está no ápice. Que se sentimento fica por ser um piloto de Brasília ao disputar competições valiosas no mundo, como a Jaguar Racing?

O que faço é por amor. Eu corro uma vida, enfim, que eu tô, qualquer criança, menino sonharia em ter. Então, tenho muita sorte de poder estar fazendo o que eu amo, e de ter uma vida tão boa. Eu acho que pra mim, estou aproveitando o momento, tô aproveitando a minha juventude, a minha idade nova pra poder estar viajando bastante, fazer vários campeonatos, de não ter a própria família minha ainda, sabe, então eu posso realmente dedicar meu tempo inteiro nas corridas e só a isso. Enfim, o meu grande sonho seria poder ganhar uma corrida de Fórmula E em Brasília, isso seria realmente um sonho pra mim, porque é a categoria que eu fiz a maior diferença, é onde eu acho que minha carreira tem mudado mais provavelmente e poder fazer isso em Brasília, na frente da família e dos amigos isso significaria muito pra mim.

O desafio de ser piloto, não é fácil, nem pequeno, e repleto de adrenalina. Para chegar ao pódio como você se prepara para as competições?

Não tem uma regra certa de chegar ao pódio. Isso são anos de preparações, anos de dedicação.Sabe, eu viajar o ano inteiro, não parar em casa, morar em hotel, morar com duas malas grandes que tenho viajando o ano inteiro, dormindo em camas diferentes quase toda noite.É isso conta um pouco sobre sacrifício, porque eu vou andando em carros diferentes todo final de semana.Se é pela StockCar, por um protótipo para corrida da Alemanha, se é Fórmula E, um kart, um rallycross, o que seja, isso tudo vai agregando, vou aprendendo e vai me ensinando, e isso faz parte da preparação para o piloto ser cada dia melhor.Eu acho que você tem gostar do que você faz.Eu amo que eu faço, e não acho que é um sacrifício de viajar todas essas horas, e dormir fora de casa todo esse tempo. Pra mim é o maior prazer, eu gosto do que faço, eu aprendo muito, e acho que esse é o melhor jeito, entendeu?Você tem que realmente, tudo que eu faço, que é conhecendo gente, se é passando tempo num simulador, tudo que eu faço se aprende alguma coisa.Nesse esporte também não é só você ser rápido, você tem que conhecer as pessoas certas, estar nos lugares certos e nos momentos certos.As pessoas têm que estar do seu lado e gostar de você.

E no automobilismo tem muito disso.Não é somente você ter um currículo bom, o dono da equipe, o patrocinador, o seu companheiro de equipe, e isso faz uma diferença enorme.As pessoas têm que estar a seu lado e gostarem de você, e enfim, e assim se consegue os seus empregos, os seus contratos, então, não é estar somente no carro e acelerar. Tem milhões de coisas em volta do automobilismo, que conta e leva tempo para conseguir ter sucesso nesse esporte.

Perfil

Nelsinho Piquet é automobilista brasileiro nascido na Alemanha. Filho do tricampeão mundial de Fórmula 1 brasileiro Nelson Piquet e da ex-modelo neerlandesa Sylvia Tamsma.

Começou a carreira no kart em 1993, em 2002 foi campeão da Fórmula 3 Sul-americana. Em 2006, garantiu a segunda posição pela GP2. Em 2007 foi um dos pilotos de testes da Renault na Fórmula 1 e em 2010 pela Nascar.

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Por Hulda Rode – Jornalista (Gentilmente disponibilizou esta entrevista para o Brasília In Foco News)

Foto: Courtesy of Panasonic Jaguar Racing

 

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