Distritais reprovam ex-presidente do Iges assumir Secretaria de Saúde
Antiga secretária, Lucilene Florêncio, pediu exoneração neste mês
Na tarde desta terça-feira (25), parte dos distritais presentes na sessão ordinária repercutiu a troca de comando na Secretaria Estadual de Saúde (SES). A antiga secretária — a médica e servidora da Saúde Lucilene Florêncio — foi substituída pelo também médico Juracy Cavalcante Lacerda Júnior, que até ocupar a pasta presidia o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). A medida recebeu críticas dos deputados da oposição, impulsionados por servidores da Saúde que compareceram às galerias do plenário da Casa.
“É ilegal, imoral, um crime contra a população do Distrito Federal. O governador esqueceu que a última vez que fez isso, quando nomeou o presidente do Iges como secretário de saúde na pandemia, o Francisco [ex-secretário] foi preso. O Iges é um prestador de serviço responsável por fiscalizar o próprio serviço que recebe, que é horroroso, desastroso”, disparou o deputado Gabriel Magno (PT).
Informou, ainda, que representou no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios contra a decisão do Governo do Distrito Federal. “O governador perdeu o sendo de humanidade. Nós estamos falando da vida das pessoas que estão na porta dos hospitais, nas UPAs, sem atendimento, morrendo, e o governador insiste em fazer negócio com a vida das pessoas”, criticou.
As críticas ressoaram no pronunciamento de outros parlamentares. “Não tem secretário de saúde que, competindo com a gestão do Iges, consiga construir uma saúde pública de qualidade. Nós não podemos mais conviver com o Iges no Distrito Federal”, opinou Fábio Félix (Psol). Na sequência, avaliou que há um projeto “para dinamitar, atrapalhar, desqualificar o Sistema Único de Saúde do DF”. Ao final do pronunciamento, prometeu intensificar as fiscalizações na rede pública.
Líder do governo, o parlamentar Hermeto (MDB) intercedeu a favor do GDF. “A saúde é um problema crônico do Distrito Federal que vem de muitos anos”, lembrou. Clamando por paciência, apontou que o Buriti anunciou neste mês a convocação de 200 médicos de diversas especialidades, que qualificou como a maior já feita.
Com carreira na enfermagem, a distrital Dayse Amarilio (PSB) rebateu que ainda faltam na rede em torno de 30 mil servidores. Também relatou problemas detectados pela Câmara no âmbito de suas comissões. “A saúde tem um orçamento de R$ 14 bilhões e com as Comissões da Casa de Fiscalização e de Saúde conseguimos descobrir algumas coisas: na última prestação de contas, o Iges estava sem contrato, no 51° aditivo, com quarteirização — porque não é terceirização —, e pasmem, com 332 contratos com irregularidade”.
Por fim, Max Maciel (Psol) anunciou que vai reforçar o pedido para instaurar logo a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Iges — atualmente na fila de investigações protocoladas na Casa. Neste mês, a Casa anunciou que vai instaurar outra CPI, protocolada antes, para apurar a poluição do rio Melchior. Na sequência, Maciel declarou que o DF já teve uma taxa de cobertura de mais de 90% na Saúde, quando priorizava a atenção primária e fortalecia a secundária. “Nós tínhamos número proporcional de profissionais a habitantes da região. Hoje você vai em uma UBS e tem uma equipe de saúde cuidando de mais de 7 mil pessoas, não tem como dar certo isso”, concluiu.
Fonte: Agência CLDF
Por Daniela Reis
Foto: Carlos Gandra/Agência CLDF