Documentos de investigações são encontrados em caçamba de lixo

 

As pastas foram descartadas com todos seus volumes em um contêiner localizado no conjunto 7, da QI 15, no Lago Sul

Envolto em mistério, dezenas de pastas com documentos importantes, como inquéritos policiais e processos de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) foram descartadas com todos os seus volumes em uma caçamba de lixo no Conjunto 7, da QI 15, no Lago Sul. Abarrotado, o contêiner chamou a atenção dos moradores da rua. Na noite de sábado (31/3), duas viaturas da Polícia Militar passaram pelo local, mas teriam ido atender a uma ocorrência de violência doméstica.

A reportagem do Metrópoles foi até a quadra e conferiu alguma das papeladas. Vizinhos relataram que a casa de onde saiu o material pertencia ao ex-deputado federal Alceste de Almeida (MDB-RR), condenado a 7 anos de prisão pela Máfia dos Gafanhotos, esquema em que eram desviados recursos da folha de pagamento de Roraima por meio da contratação indevida de servidores. Apesar disso, ninguém foi encontrado no local.

Quase todos os documentos descartados envolvem apurações de corrupção, como desvios de verba pública supostamente cometida por ex-parlamentares e servidores públicos do alto escalão de autarquias federais. Até a noite deste domingo (1º/4), as pastas com os arquivos permaneciam no lixo.

 

Entre os documentos descartados há uma caixa com referência a processos administrativos de Lauro Sérgio de Figueiredo. Ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), o engenheiro ocupou o mandato três anos por indicação do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Em outro arquivo, registros sobre o ex-servidor da Câmara dos Deputados Abdallah Antun Messias Neto, condenado a restituir o erário em mais de R$ 20 mil, em decorrência do uso indevido e fraudulento das cotas de passagens aéreas do então deputado federal Joaquim Francisco (PSDB-PE). O político foi também governador de Pernambuco entre 1991 e 1995 e ministro do interior, em 1987.

Outra caixa faz referência a processos de Valter Cardeal, ex-dirigente da Eletrobrás e um dos homens de confiança da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele foi alvo de condução coercitiva pela Polícia Federal, em julho de 2016, durante desdobramento da operação Lava Jato. Em ligação interceptada pelos investigadores, Cardeal e o vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, então presidente da Eletronuclear, conversaram sobre a delação feita pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, e combinaram uma ação para rebater as acusações.

Além dos documentos encontrados, há outro em especial que cita Sandoval Fernando Cardoso de Freitas. Ex-auditor-fiscal da Receita Federal, foi alvo de ação de autoria do Ministério Público Federal contra ele por valer-se do cargo que ocupava para prestação de serviços de consultoria, assessoramento e intermediação a pessoas físicas e empresas, em esquema criminoso descoberto a partir de investigações da Operação Hiena, em 2007.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

 

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