‘Doença dói, ignorância não’, diz ex-ministro da Educação de Dilma

 

Renato Janine Ribeiro disse acreditar que a educação não vai ter relevo no debate eleitoral deste ano

Para escrever “A Pátria Educadora em Colapso” (Ed. Três Estrelas, do Grupo Folha, empresa que edita a Folha de S.Paulo), Renato Janine Ribeiro, professor titular de ética e filosofia política da USP e ex-ministro da Educação do governo Dilma Rousseff, diz ter retomado uma pergunta feita em um encontro com Barack Obama, ex-presidente dos EUA, sobre a transição da teoria à prática.

No livro, Janine traz reflexões sobre a derrocada da ex-presidente e o futuro da educação no Brasil.

Em entrevista, Janine é cético quanto à presença da educação no debate eleitoral. “Ignorância não dói”, diz.

Qual foi a motivação para escrever um livro sobre esse período?

Estive numa situação quase única. Alguém que trabalha com política conceitualmente e num certo momento tem algum tipo de poder nas mãos. Acho que, numa situação desse tipo, é muito importante fazer uma reflexão. Quando visitei Obama, ao participar da visita da presidente Dilma à Casa Branca, ele teve particular interesse no Ministério da Educação. Ele perguntou a minha formação, e [depois] a pergunta dele foi óbvia: Como é passar da teoria à prática? Acho que essa é a grande questão.

Como foi construir diálogo com movimentos de esquerda e ao mesmo tempo com a área econômica do governo?

Com a área econômica não havia o que fazer. Comento a questão do Fies, que Dilma mandou liberar no segundo semestre, mas a Fazenda fez o que quis e não soltou dinheiro novo. Com a Fazenda é muito difícil negociar. O Lula mandava a Fazenda fazer. Mas ele tem diálogo e tinha verba. Dilma não tinha dinheiro, o que limita qualquer possibilidade de governar. E ela não tinha uma comunicação boa.

O sr. comenta que a pátria educadora passou de um bom lema para uma armadilha. Já havia essa impressão quando chegou ao MEC?

Não, na hora achei que era prioridade. Achei que a crise econômica poderia ser vencida. O principal erro do governo na época foi não ter se comunicado bem para explicar a crise. Deveria ter ido direto para as pessoas que mais necessitam. A educação mal tinha lugar na agenda da presidente. Ela estava preocupada em salvar a economia, com razão.

O sr. acredita que a educação vai ter relevo no debate eleitoral deste ano?

Não, nenhum. Pode ter se algum candidato assumi-la com tema. O problema é que sempre comparo com a saúde. Doença dói, ignorância não dói. Um dos traços fortes da ignorância é não saber que é ignorante. A pessoa mais ignorante está mais convicta de que sabe do que a pessoa que conhece coisas.

Com informações da Folhapress.

 

Fonte: Notícias Ao Minuto

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

 

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