E quando o trabalho exige demais?
Por Daniela Degani (*)
Burnout. Ansiedade. Depressão. Essas palavrinhas que sinalizam um comprometimento da saúde passaram a ser ainda mais comuns desde que a pandemia obrigou-nos ao distanciamento social. Naturalmente que a própria situação sanitária piorou o quadro da saúde mental de todas as pessoas, mas, para além disso, para outras, o trabalho passou a exigir ainda mais do que antes.
É o caso dos professores. As aulas online parecem tirar a energia de quem estava acostumado ao contato direto, ao olho no olho. E, se agora é hora de voltar ao presencial, enquanto muitos festejam, outros se lamentam. Isso porque nem sempre o ambiente de trabalho é um lugar seguro e saudável. Em muitas empresas — e, infelizmente, em algumas escolas — o ambiente é hostil. Assim, voltar a ele pode gerar muita aflição.
Ao pensarmos em um ambiente saudável para o aprendizado, supomos que ele também será saudável para o trabalho. Entretanto, nem sempre é assim. Diretores e coordenadores que impõem suas decisões; falta de espaço para que o professor possa colocar as suas próprias opiniões; medo de se expressar; feedbacks equivocados; reclamações constantes dos colegas e outros fatores podem tornar o trabalho tenso. E é nesse momento que, mesmo sem querer, carregamos as sombras do trabalho conosco, durante e depois do expediente.
Ansiedade, noites mal dormidas, desencorajamento para fazer melhor e diferente. Tudo isso pode minar o desempenho de um professor. Para não chegar a esse limite nada saudável, é importante estar atento a alguns sinais para que possamos notar a tempo o que acontece e mudar a rota, se for possível.
Ambiente
Um ambiente emudecido, em que as pessoas temem dar suas opiniões, pode ser um sinal de que ali as pessoas se regem pelo medo. E isso pode ser frustrante.
Turnover
A cada semestre você encontra muitas caras novas na sala dos professores? A alta rotatividade pode ser um indicativo de que aquele não é um ambiente seguro para trabalhar.
Feedback
Ele deve ser feito de maneira assertiva e franca, para que o professor se sinta encorajado a melhorar. Se o feedback for sempre depreciativo, pode ser um indício de falta de respeito com o conhecimento do profissional.
Relações
Se você não consegue confiar em seus colegas de trabalho e fazer amigos, isso pode ser sinal de que aquele não é um ambiente em que você possa florescer.
O que fazer?
Se você detectar que aquele não é um ambiente no qual se sente confortável para realizar suas atividades profissionais, tente, primeiramente, conversar com alguém e encontrar saídas para reverter essa situação. Evite as pessoas que considera mais “tóxicas” e aproxime-se de quem lhe faz bem. Também neste contexto, cuidar de si mesmo é fundamental. Tente manter sua saúde mental em dia, incluindo em seu tempo de lazer atividades que podem fazer bem: leitura, música, meditação. Reflita sobre tudo o que se passa ao seu redor sem assumir uma atitude reativa. Converse com outras pessoas para tentar encontrar uma saída criativa para aquela situação.
E acredite: é possível encontrar (e criar) um ambiente mais acolhedor onde o trabalho é valorizado e as pessoas, respeitadas.
Estamos torcendo por você!
(*) Daniela Degani é fundadora da MindKids e instrutora certificada pela Mindful Schools, dos EUA, e pelo Mindfulness Training Institute, da Inglaterra
Fonte: R&F Comunicação Corporativa
Por Erick Santos
Foto: Arquivo pessoal