Eleições: Rollemberg terá pouco tempo para falar no rádio e na TV

 

Estudo feito por especialista mostra que, se as eleições fossem hoje, socialista e a coligação ensaiada por ele teriam menos tempo que o PT

Está preparado para ver e ouvir as propagandas eleitorais? O período para exposição dos políticos está chegando. Este ano, as campanhas serão veiculadas no rádio e TV por 35 dias, a partir de 31 de agosto. Enquanto não é momento de aparecer, o tempo de exposição nas mídias é barganhado nas negociações entre os partidos. E, a se levar em consideração o cenário atual, o PSB do governador Rodrigo Rollemberg estaria mal na fita: teria muito menos tempo de exposição na mídia do que rivais de peso, como o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat, do PR (veja abaixo).

Os 120 minutos diários que poderão incomodar alguns eleitores por conter discurso repetitivo são valiosíssimos para políticos: dá poder ao partido pois são cobiçados no momento de negociar coligações. O tempo de rádio e TV é determinado em 90% pelo número de representantes das siglas na Câmara dos Deputados. Os 10% restantes são distribuídos igualitariamente.

Na coligação para eleições majoritárias, será o resultado da soma do número de representantes dos seis maiores partidos que a integrem. Nas chapas para a disputa proporcional, é válida a de todas as siglas.

A chapa ensaiada pelo ex-secretário de Saúde e pré-candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF) Jofran Frejat dispõe do maior tempo de rádio e TV. Se as eleições fossem hoje, a coligação teria, em média, 35min12s por dia, ou seja, 29,26% do tempo total de exposição diária. Os dados são baseados em projeção elaborada pelo especialista em direito eleitoral Bruno Beleza.

Frejat tem o apoio do MDB, PP, DEM e Avante. As duas primeiras são a segunda e a quarta siglas com mais tempo de rádio e TV — a média é de 14min02s e 8min21s, respectivamente. Por isso, o ex-vice-governador do Distrito Federal e presidente licenciado do MDB-DF, Tadeu Filippelli, por exemplo, é um player importante no xadrez político local. “O partido é solidário e o tempo de TV que for determinado para o majoritário será integralmente para o candidato”, declarou.

Se a aliança do deputado federal Izalci Lucas (PSDB) com nove partidos se concretizar, a coligação do pré-candidato ao Palácio do Buriti pode ter, em média, 32min33s por dia. Mas se levar em conta só os seis maiores, o tempo de rádio e TV para campanha majoritária será, em média, de 30min42s diários — ou seja, 25,35% do total.

Sozinho, o PSB, partido do governador Rodrigo Rollemberg, tem uma média de 7min30s por dia, de acordo com o estudo de Bruno Beleza. A expectativa, porém, é de o PSB fechar aliança local com outras siglas como o PV, o Solidariedade e o Podemos. “O trabalho será de agregar outros partidos, utilizar as mídias sociais e ser objetivo na mensagem”, pontuou o presidente do PSB-DF, Tiago Coelho.

Se o grupo firmar parceria, o socialista e coligados precisariam suar a camisa para passar a melhor mensagem em torno de 14min13s diários — 11,77% do período para a campanha nas emissoras de rádio e TV.

O primeiro da lista
Isoladamente, o PT tem o maior tempo de rádio e TV para propaganda eleitoral: uma média de 14min27s diários, segundo levantamento do especialista. Só para o candidato a governador, o partido teria 1min05s em cada bloco de 25 minutos.

Mesmo se os petistas lançarem um candidato ao Executivo local, o tempo deve ser usado para disparar críticas a Rollemberg e às outras chapas que se configuram, como a de Jofran Frejat e a do senador Cristovam Buarque (PPS), que está ao lado de Izalci Lucas. “Em Brasília, temos um dos governos mais autoritários da história. Nós teremos um programa dedicado à população do DF e a recuperar o DF para o povo”, adiantou a presidente do PT-DF, a deputada federal Erika Kokay.

Os nomes ventilados para concorrer ao GDF pelo PT são os do membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) Júlio Miragaya e do economista Afonso Magalhães. Além disso, o PT deve apostar na campanha em prol do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril.

Nanicos prometem inovação
Dos pré-candidatos a governador do Distrito Federal, são mais carentes em termos de tempo de rádio e TV os partidos da professora Maria Fátima de Sousa (PSol), com média do partido de 1min24s diários; do general Paulo Chagas (PRP), com 58s diários; e do herdeiro do grupo Giraffas Alexandre Guerra (Novo), com 21s. Por enquanto, nenhuma dessas siglas anunciou coligação.

Entretanto, as legendas apostam em novas mídias. Amparado no discurso de outsider, Alexandre Guerra também pretende inovar na campanha eleitoral usando as redes sociais. “A velha política joga sujo para conseguir tempo de televisão. A nossa proposta é renovação na política e isso começa na renovação da nossa forma de comunicação com o eleitor”, afirmou.

Presidente do PRP-DF, Adalberto Monteiro acredita que a população está cansada das mesmas propagandas eleitorais. “Acho que para os primeiros dias funciona, mas o pessoal não está a fim de ver televisão em horário político”, opinou.

As legendas com mais tempo de rádio e TV também são as que mais têm dinheiro para investir nas campanhas pois a representação na bancada também é o critério para divisão do fundo partidário, frisa o cientista político Emerson Masullo. “E se não tem tempo, a profusão de projeto fica prejudicada”, pontuou.

Regras
Para a distribuição do tempo na propaganda eleitoral, é levada em conta a representação dos partidos na Câmara dos Deputados com base no resultado das eleições de 2014, lembra Bruno Beleza. O resultado do cálculo oficial, porém, só será divulgado no plano de mídia previsto para ser elaborado pelo TSE entre 15 e 24 de agosto.

Existe uma novidade: em 22 de maio, o TSE decidiu que 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha devem ser destinados às candidaturas femininas. O mesmo percentual vale para o tempo de rádio e TV.

 

No primeiro turno, de segunda a sábado, os políticos aparecerão por dois blocos de 25min em cada meio de comunicação e em mais 70min de inserções de 30 a 60 segundos. Nos domingos, só valem os filmes e áudios esporádicos, somando, no total, 70 minutos. As regras estão na Resolução nº 23.551/2017, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em caso de segundo turno, os blocos diários terão 10 minutos cada e as inserções são reduzidas a 25 minutos.

Os candidatos a governador e deputados estaduais têm 9min. Já os postulantes ao Senado dispõem de 7min. Eles veicularão propaganda às segundas, quartas e sextas-feiras. Os que concorrem ao cargo de presidente da República e deputados federais, por outro lado, estarão nas emissoras de rádio e TV às terças, quintas e sábados, ambos por 12min30s. Isso sem contar com as inserções veiculadas nos intervalos comerciais.


 

Fonte: Metrópoles

Foto: Gui Prímola / Metrópoles

 

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