Em alta no continente, dupla cearense sofre para reagir no Brasileiro
Técnicos de Ceará e Fortaleza citam físico e logística como desafios
Os empates de Ceará e Fortaleza com São Paulo (2 a 2) e Juventude (1 a 1), respectivamente, no sábado (28) à noite, evidenciam as realidades diferentes que os rivais vivem nesta temporada. Ao mesmo tempo em que fazem história ao se classificarem ao mata-mata das competições sul-americanas que disputam, alvinegros e tricolores sofrem na rabeira do Campeonato Brasileiro.
O Ceará foi para o jogo contra o São Paulo, no Morumbi, na capital paulista, embalado pela vitória por 2 a 0 sobre o Independiente (Argentina), fora de casa, na última quarta-feira (25), que assegurou um aproveitamento de 100% na fase de grupos da Copa Sul-Americana. O técnico Dorival Júnior, porém, poupou os dois principais nomes do elenco – o meia Vina e o atacante Stiven Mendoza – da equipe titular. O volante Rodrigo Lindoso, por sua vez, sentiu um desconforto na posterior esquerda e foi cortado pouco antes da bola rolar.
O Vozão sentiu as ausências e foi dominado pelo Tricolor no primeiro tempo. Cléber até balançou as redes para o Alvinegro, mas o também atacante Jonathan Calleri e o meia Rodrigo Nestor deixaram os anfitriões em vantagem antes do intervalo. Dorival, então, mandou Vina e Mendoza a campo para a etapa final. A dupla titular deu nova cara à equipe, que empatou com um gol do colombiano, validado após intervenção do árbitro de vídeo (VAR).
A igualdade frustrou o São Paulo, que podia dormir na liderança do Brasileiro e acabou permanecendo, provisoriamente, na segunda posição, com 13 pontos, podendo ser ultrapassado por até quatro clubes na sequência da rodada. No Ceará, apesar da situação na tabela, o ponto somado fora de casa foi considerado positivo. O Alvinegro, com seis pontos, segue na zona de rebaixamento, em 18º lugar, dois pontos atrás do Cuiabá, último time fora do Z4. A equipe pode retornar à vice-lanterna se o Atlético-GO pontuar na segunda-feira (30), às 20h (horário de Brasília), diante do Internacional, no Beira-Rio, em Porto Alegre.
“Nós não perdemos a postura, mas estamos tendo muitas baixas de uma rodada para a outra, além de um período de recuperação muito curto. Nossa logística é muito diferente do que acontece com a maioria das equipes, principalmente as do Centro-Sul do país. Isso tem um peso muito grande. Estamos voltando de um jogo que terminou praticamente na madrugada de quarta para quinta-feira [26], dois dias e meio, depois estamos em campo”, justificou Dorival, em entrevista coletiva, após o duelo no Morumbi.
O discurso não difere muito do adotado por Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza, depois do empate na Arena Castelão, na capital cearense, com o Juventude. O Leão do Pici saiu atrás, com o atacante Vitor Gabriel marcando para os gaúchos no início do segundo tempo. O empate saiu com o volante José Welison, na sobra de uma cobrança de falta. O Tricolor segue sem vencer no Brasileiro e somou apenas o segundo ponto em sete jogos, na lanterna do campeonato. O clube de Caxias do Sul (RS), com sete pontos, está em 17º, abrindo o Z4.
Em paralelo à má campanha no Brasileiro, o Fortaleza vive um sonho na Libertadores. Estreante na competição, o Leão do Pici se classificou às oitavas de final com a vitória por 4 a 3 sobre o Colo-Colo (Chile), fora de casa, na última terça-feira passada (24). Depois de um início ruim no torneio continental (duas derrotas), o Tricolor reagiu, emendando três triunfos e um empate nas quatro rodadas seguintes.
“A realidade é necessitávamos dos três pontos [no Brasileiro]. [Contra o Juventude] Não tivemos o funcionamento das últimas partidas. No primeiro tempo, não tivemos a circulação e a mobilidade que podemos ter. Não é desculpa, mas a parte física também é importante no futebol brasileiro. Esta não é a intensidade do nosso time. Jogamos, há três dias, uma partida muito forte, de classificação na Libertadores”, declarou Vojvoda.
O próximo compromisso de Ceará e Fortaleza, pelo Brasileiro, curiosamente, será o embate entre eles. A partida desta quarta-feira (1º), às 20h30, na Arena Castelão, vale pela terceira rodada e havia sido adiada por causa da final do Campeonato Cearense, entre Leão do Pici e o Caucaia. A expectativa de Vozão e Tricolor é que o Clássico-Rei marque a retomada na competição nacional.