Em audiência, representantes de entidades sindicais confirmam greve geral para o dia 14
Dirigentes de associações e entidades sindicais realizaram ontem (05) uma audiência com o objetivo de debater os Desafios da Representação Trabalhista no Brasil. As entidades debateram estratégias de atuação sobre os tópicos negativos da Reforma da Previdência (PEC 6/2019) e da Medida Provisória (Nº 873/2019), que dificulta a arrecadação sindical. A construção de uma pauta em defesa da manutenção da Justiça do Trabalho também foi acentuada no encontro que resultou na confirmação de greve geral, marcada para o próximo dia 14.
Representando a Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo (AATSP), a Federação Nacional dos Advogados (Fnadv) e a Confederação Nacional dos Profissionais Liberais (CNPL) estava Patrícia Naves, em nome da advogada Sarah Hakim. Durante pronunciamento, Naves ressaltou a importância da Justiça Trabalhista no cenário brasileiro para o equilíbrio das relações institucionais entre patrões e empregados.
“Nós vivemos em uma sociedade conflituosa, onde gera uma sobrecarga no Judiciário. Por conta dessa situação a justiça especializada se torna imprescindível. Temos hoje mais de 1 milhão de ações judiciais e observamos que tanto na Justiça Comum quanto na especializada o Estado terá que dirimir os conflitos”, destaca. Na sequência, ressaltou como a classe política analisa a possibilidade de extinção da Justiça do Trabalho.
“O que se percebe é que não são contra a Justiça do Trabalho, mas sim contra o Direito do Trabalho. Observou também que a Reforma Trabalhista foi para desonerar o empregador. Outro problema é a falta de fiscalização do cumprimento das normas empregatícias, o que colabora com aumentos de litígios. Entende que o deslocamento da competência para a Justiça Comum não irá resolver os conflitos”, avalia.
Patrícia Naves ainda propôs no encontro de hoje uma conferência a ser realizada entre as entidades representativas em São Paulo. Também será realizada uma reunião com os presidentes da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e com a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB).
Antônio Carlos, presidente da Confederação Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Conacate), ressaltou a importância de agilizar os movimentos em defesa dos sindicatos e trabalhadores, com foco nas paralizações do próximo dia 14. “Agora a briga é com o ponteiro dos segundos. Seja o que for decidido, façamos o mais rápido possível. E a presença da Patrícia Naves, representando a AATSP é essencial para trazer as redes e as organizações sociais na somatória de uma pauta comum a todos”, enfatiza.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura (CNTEEC) e coordenador nacional do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), Oswaldo de Barros, destacou a importância de modernização das formas de atuação dos movimentos sindicais com o uso das Redes Sociais. “Precisamos desmistificar a visão do sindicalismo no senso comum. O que mais me dói, é você ser devorado pelas mídias sociais, pois nós falamos e não somos ouvidos. Já passou da hora de entrarmos na era digital e reinventar o sindicalismo brasileiro”, posicionou.
De acordo com o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Alimentação e Afins (CNTA), Artur Camargo, é necessário criar uma única voz no combate ao desmonte da máquina pública. Este grupo que está sendo construído tem que ter claro o objetivo de trabalho, pois ficamos muitas vezes com aquele discurso de ‘temos que resistir’, porém, temos que enfrentar com foco esse desmonte da máquina realizado por esse governo. Camargo ressaltou o posicionamento claro a respeito da defesa da Justiça do Trabalhista. “Precisamos nos organizar em um posicionamento unificado em defesa da Justiça do Trabalho, desse importante meio de defesa do trabalhador”, afirmou.
Fonte: Justiça Em Foco – Por Mário Benisti – Foto: FST