Em Brasília, agrofloresta leva o campo para o meio da cidade

 

Plantio sustentável, na quadra 206 da Asa Norte, contribui para a recuperação do solo e promove a integração na comunidade local

Ao passar pela quadra 206 da Asa Norte, em Brasília, é possível notar uma extensa área verde, composta por árvores, arbustos e mudas alimentícias. Trata-se de uma agrofloresta. A existência do local é iniciativa do projeto Re-Ação, que, há três anos, atua com o objetivo de ocupar o espaço público com o cultivo de espécies vegetais, aliando o desenvolvimento sustentável à integração da comunidade para aproximar o campo da cidade.

No endereço, há diversas espécies plantadas juntas, como frutíferas, leguminosas, arbóreas e Pancs (plantas consideradas alimentícias, mas não convencionais). Segundo o coordenador do projeto, Igor Aveline, promover essa interação é característica de um sistema agroflorestal.
“O plantio funciona de modo integrado. Esse processo gera um aproveitamento maior da terra, além de permitir uma adubação natural. Não usamos produtos químicos aqui”, destacou. “Com a ação, também conseguimos recuperar o solo, que é muito compactado. Toda a água da chuva que caía aqui provocava enchente nas ruas de baixo. Então, fizemos canais para a água entrar no nosso sistema e abastecer os lençóis freáticos. Isso evita até possíveis alagamentos”, explicou.

O brasiliense, que possui mestrado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB), também contou que o trabalho tem a participação da comunidade local, bem como de interessados que moram em regiões mais distantes.

“No começo, desci do meu apartamento e comecei a plantar sozinho. Pessoas se interessaram e, então, formamos um coletivo. Temos trabalhado para construir uma quadra mais sustentável. A gente quer restabelecer isso: a cidade tem que respeitar a ecologia do espaço”, disse. “Inclusive, quem quiser participar pode vir aqui na quadra [206 Norte] fazer uma visita ou procurar informações do projeto Re-Ação nas redes sociais”, finalizou.

Pedro Brandão, estudante de Ciências Políticas da UnB, é um dos participantes do mutirão que acontece frequentemente no local. “Moro na 104 Norte. Passei por aqui algumas vezes e quis participar. É a segunda vez que venho, quero continuar colaborando e chamar mais gente”, falou.

 

O especialista disse ainda que uma agrofloresta pode ser implementada em qualquer parte da propriedade rural. Contudo, o Código Florestal prevê áreas de reserva legal, assim como de preservação permanente no país que devem ser respeitadas. “A lei 12.727/2012, responsável pelas últimas atualizações do código, diz que, no Centro-Oeste, por exemplo, deve haver 35% de reserva legal. Na Amazônia, o percentual corresponde a 80% e, no Sul, 20%”, enfatizou. “Também há áreas de preservaçãp permanente que não devem ser acessadas, pois são necessárias para evitar erosão de solo, como determinadas matas ciliares, por exemplo”, concluiu.13030

No caso do sistema agroflorestal da 206 Norte, situada na capital brasiliense, Igor Aveline explicou que a iniciativa “conta com o apoio de vários órgãos distritais para a agricultura urbana acontecer na cidade, e que há um processo de regulamentação para concessão de uso de áreas públicas”.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: JP Rodrigues / Especial para o Metrópoles

 

 

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