“Empreendedorismo rosa”: o responsável pelo desenvolvimento socioeconômico do Brasil em 2019
Respeitar a liberdade de escolha das mulheres é requisito para a prosperidade de um país
Por Rodrigo Mancini (*)
As propostas do atual governo de uma agenda reformista e estímulo ao empreendedorismo oferecem algumas das condições mínimas para a retomada do crescimento econômico brasileiro, o que tem gerado boas expectativas.
Mas, as polêmicas declarações da Ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos podem indicar uma tendência, da atual gestão, em priorizar apenas o crescimento econômico, sem desenvolvimento sócio econômico.
O que isso quer dizer? Não seria o crescimento econômico, por si só, algo bom para os brasileiros? É claro que estamos diante de um assunto complexo, e muito cedo ainda para afirmações e conclusões, mas não é tarde para suposições, diante da seriedade do assunto.
Se pudéssemos resumir em uma frase, esta seria: nem só de crescimento econômico ou mudanças positivas no PIB vivem as nações, é preciso também melhoria no padrão de vida e bem-estar social dos cidadãos.
Em outras palavras, de nada adianta elevar os indicadores econômicos quantitativos, se não houver reflexos positivos e avanços no que tange a distribuição de renda, respeito a liberdade e felicidade de todas as pessoas.
À exemplo da Holanda, que de acordo com a ONU está entre os seis países mais felizes do mundo, onde a população tem alto padrão de vida; a desigualdade entre homens e mulheres é a menor do mundo; LGBTs têm todos os direitos garantidos; crianças são educadas para empreenderem e respeitarem a sexualidade das outras pessoas e por aí vai.
Por isso, num país onde a prioridade é o crescimento com desenvolvimento sócio econômico, o modelo ideal de sociedade é aquele onde a mulher tem acesso à educação, liberdade para trabalhar, empreender e garantir sua independência financeira. E não aquele onde a mulher deve ficar em casa cuidando dos filhos e o marido garantir o seu sustento.
No Brasil, mesmo com dificuldades de acesso à educação, o que é de extrema utilidade para quem quer empreender; falta de financiamentos; julgamentos desiguais em relação aos homens, quando o assunto é negócios, dentre outras dificuldades, temos aproximadamente 24 milhões de mulheres empreendedoras e nos últimos anos cerca de 52% dos novos negócios são criados por mulheres, de acordo com o SEBRAE.
Sendo assim, criar, apoiar e garantir o direito de acesso a espaços, no formato de coworking, por exemplo, onde as mulheres possam desenvolver os seus negócios, receber capacitação e, ao mesmo tempo, permanecerem próximas de seus filhos, deve ser prioridade do atual governo.
E por fim, já está comprovado que o empoderamento das mulheres colabora com o crescimento e desenvolvimento sócio econômico de um país. Por isso, precisamos de uma equipe de governo e formuladores de políticas que saibam respeitar as liberdades individuais e garantam o direito, de todas as pessoas, de fazerem as suas escolhas a partir de seus talentos, criatividade e propósitos de vida, independente de sexo, raça, religião ou qualquer outra condição.
E isso, não depende de partido político e ideologias de direita, centro ou esquerda. Apenas de bom senso, empatia e respeito aos direitos humanos. Só assim, teremos um país próspero e sócio-economicamente desenvolvido.
*Rodrigo Mancini é economista, Mestre e Doutor em geografia econômica, empreendedor e empresário.
Fonte: Plus Comunicação – São Paulo/SP
Foto: Reprodução