Entidades lançam, no DF, 1° desafio de dados voltado à saúde pública

 

Bancos de informação abertos ficarão disponíveis para que qualquer pessoa, de onde quer que esteja, possa propor soluções em saúde pública

Profissionais, estudantes e entusiastas da tecnologia de qualquer canto do mundo já podem se inscrever para o primeiro Desafio de Dados sobre Saúde Pública do Brasil. A disputa foi lançada no auditório da Federação das Indústrias de Brasília (Fibra), na tarde dessa quinta-feira (14/6), e premiará com uma viagem para a Tubleau Conference 2018, nos Estados Unidos, evento sobre tratamento de dados que reuniu 15 mil pessoas em sua última edição.

Para o presidente da Fibra, Jamal Bittar, mentes jovens e criativas têm muito a contribuir para o desenvolvimento do país e a melhoria do sistema de saúde. “Quando se fala dessa garotada, muitas vezes um problema parece insanável e, quando se acha que já estão no limite das possibilidades, aparece uma solução”, afirma.

O formato desse desafio é pouco conhecido no Brasil. Ao contrário da tradicional maratona hacker, ohackathon, presente em grandes eventos, como a Campus Party, o datathon diferencia-se da modalidade mais pop, pois é realizado remotamente e com um prazo para desenvolvimento dos projetos bem mais longo.

Enquanto um hackathon dura de 24 horas a três dias, em média, os participantes do datathon terão até 17 de julho para enviar as propostas. Os candidatos podem se inscrever individualmente ou em equipes de até três pessoas. O prazo acaba no próprio dia 17 de julho ou quando o número de inscritos chegar a 500.

 

A competição utilizará dados abertos do Ministério da Saúde, do Sistema de Convênios do Ministério do Planejamento, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e do Portal da Transparência.

Gustavo Guimarães, presidente da empresa Qubo, uma das idealizadoras da iniciativa, defende com exemplos bem-sucedidos a importância do bom uso de dados para a sociedade. Ao citar artigo publicado pela prestigiada The Economist, revista especializada em economia, Guimarães afirma que os “dados são o novo petróleo”, pois há a garantia de retorno de investimento por empresas que fazem a “mineração” dessas informações.

Transformar um dado em uma informação compreensível, aliás, deve ser o norte dos cientistas de dados. “Existem vários exemplos bem-sucedidos mostrando que não é preciso um grande investimento para um bom retorno. Três estudantes ingleses pediram acesso aos receituários de hospitais na Inglaterra e cruzaram as informações dos preços dos medicamentos usados. O resultado mostrou que 200 milhões de libras seriam economizados apenas se os médicos trocassem as marcas tradicionais por genéricas. Estamos falando de R$ 1 bilhão”, exemplifica.

Saúde pública
Nas palavras do presidente da Fibra, mesmo com equívocos de gestão, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais abrangentes do planeta e funciona bem.

“Nós fazemos pesquisa de satisfação popular trimestral e percebemos a diferença de opinião entre quem usa e quem não usa o SUS. A avaliação é até três vezes pior entre os não usuários. Ou seja, estigmatizou-se o sistema de saúde, algo tão importante que não deveria ser prioridade apenas orçamentária, mas de gestão”, diz Jamal Bittar.

Igo Estrela/Especial para o Metrópoles

Igo Estrela/Especial para o MetrópolesJamal Bittar acredita que a criatividade da juventude pode ajudar a melhorar o sistema de saúde

Para o representante do Ministério da Saúde, Tiago Rodrigues, o evento já é grande pela escolha do tema e o desafio que é falar do setor. “São R$ 500 bilhões de orçamento para a saúde na esfera federal, estados e municípios. Temos 40 mil Unidades Básicas de Saúde (UBSs) no país. Com a disponibilização desses dados e o trabalho em cima deles, as informações podem ser usadas até para a tomada de decisão de gestores”, opina Rodrigues.

“Queremos promover um debate qualificado para melhorar e ampliar o entendimento sobre saúde pública no Brasil a partir dos insights feitos pelos competidores do desafio. O datathon pretende fomentar análises propositivas, que podem apresentar potenciais tendências, identificar comportamentos e contextualizar dados da área de saúde, auxiliando na construção de políticas públicas”, acrescenta Gustavo Guimarães, da Qubo Tecnologia.

Desafio
Professor de inteligência artificial no Centro Universitário Iesb, Suélio Moura foi até a sede da Fibra para pegar mais informações sobre o datathon. “O curso é novo, começou neste semestre, então, vou levar até a sala de aula e tentar estimular que os meninos participem”, conta.

Igo Estrela/Especial para o Metrópoles

Igo Estrela/Especial para o MetrópolesProfessor de inteligência artificial, Suélio Moura levará o desafio para sala de aula

Narrativas
O objetivo do 1º Desafio de Dados sobre Saúde Pública no Brasil é construir narrativas completas acerca do tema: busca-se a contextualização dos dados e a construção de análises de forma “a contar uma história”. Em oposição à simples apresentação de números, o desafio pretende promover a busca por proposições consistentes, ou, ainda, leituras mais precisas sobre a situação da Saúde nacional.

Entre os critérios de avaliação, estão o impacto da análise e a proposição de soluções que afetem um grande número de pessoas ou uma comunidade específica; se há abordagens semelhantes dentro ou fora do Brasil; se o candidato fez uso de técnicas avançadas e se a didática para apresentar os resultados foi eficiente.

Qubo Tecnologia
Empresa brasiliense especializada em análise de dados, a Qubo Tecnologia acumula 10 anos de experiência em entender e ofertar soluções diversas de análise, gestão, tratamento e visualização de informações. Com abordagem consultiva e integrada de atividades, ajuda a transformar a maneira como as organizações interpretam indicadores.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Igo Estrela/Especial para o Metrópoles

 

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