Ética para uma sociedade de pessoas livres

Por Percival Puggina (*)

Há muitos anos, o Rotary Clube da bela e próspera cidade serrana de Flores da Cunha decidiu dedicar uma semana do ano para valorizar a Ética nas relações sociais, políticas e econômicas. No evento deste ano, fui convidado a proferir palestra no Espaço Cultural São José. Escolhi o tema que dá título a este artigo.

Ninguém divergirá quando digo: quem dera houvessem Semanas da Ética na ONU, em Nova York, em Paris, em Londres, em Davos, em Brasília e por aí afora! É fácil antever e penoso conhecer o desastre que sobrevém quando a Ética se torna objeto de desprezo!  

Centrei a exposição na notável reciprocidade da relação entre Ética e Liberdade. Não há Ética sem Liberdade nem esta sem aquela! A Ética pressupõe que as escolhas individuais transcorram num ambiente de Liberdade e o exercício da Liberdade resulta impossível onde não existam impedimentos éticos. Talvez esta seja a principal razão pela qual não se deve fazer concessões à supressão da Liberdade em qualquer de suas manifestações, observados os limites impostos pela Moral que inspire leis sábias.

Contra todo o relativismo moral e o autoritarismo estatista, há uma Lei impressa na natureza do ser humano.  É dela que fala a Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) quando afirma tão nobres princípios de Direito Natural:

“Nós consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, que foram dotados pelo seu Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes se encontram a vida, a liberdade e a busca da felicidade.”

Dos direitos inalienáveis, decorrem as normas morais formuladas nos 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, hoje subscritas por 193 países em eloquente demonstração da natural universalidade desses preceitos.      

Contudo, não podemos esquecer que a Ética não se satisfaz com a liberdade do laissez faire. A Ética é uma ciência especulativa que busca o conhecimento do Bem e a natureza humana, sendo no vínculo das ações humanas com o Bem que a Ética encontra sua expressão. Obviamente, ela não acompanhará ações orientadas para o Mal.

Olhando para nós mesmos, percebo que somos dotados de inteligência para conhecer o Bem, de Liberdade para escolher o Bem e de vontade para resistir o que nos afasta do Bem ou nos atrai para o Mal. E isso me parece tornar evidente que a Ética só é possível numa sociedade de pessoas livres. Ética e liberdade, feitas uma para a outra. 

(*) Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

*Artigo de responsabilidade do autor.

Fonte: Site puggina.org, gentilmente disponibilizou este artigo para o Brasília In Foco News

Foto: Reprodução

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