Exposição de Fábio Magalhães encerra temporada com mesa-redonda na CAIXA Cultural
Como parte da mostra Além do Visível, Aquém da Intangível, atividade vai debater sobre as obras do artista e sobre os rumos da arte atual
A exposição Além do Visível, Aquém do Intangível, do artista baiano Fábio Magalhães, se despede da CAIXA Cultural Brasília (Setor Bancário Sul QD 04)no dia 27 de maio. Na semana que antecede o encerramento, no dia 23 do mês (quarta-feira), das 18h às 19h30, uma mesa-redonda realizada na sala Multimídia da CAIXA Cultural vai debater sobre a obra do artista e sobre o estado da arte atual a partir de reflexões críticas da exposição em questão.
Intitulada de As Matrizes Tradicionais da Arte e a Pintura Contemporânea, a mesa-redonda será conduzida pela curadora da mostra, AlejandraMuñoz, e pela crítica de arte convidada, Marilia Panitz. Cada uma falará por cerca de 30 minutos e, ao final, haverá espaço para discussão através de debates e questionamentos conduzidos pelo público interessado. As inscrições acontecem de 18 a 22 de maio e podem ser feitas pelo e-mail mundoarteeventos@gmail.com. Serão disponibilizadas 30 vagas. Não recomendado para menores de 14 anos.
Trajetória em 23 telas
Distorções da realidade e contornos perturbadores. O artista plástico baiano Fábio Magalhães (Tanque Novo, BA) vale-se destes recursos em seu trabalho exposto, desta vez, em 23 telas que representam sua produção mais significativa, realizada entre 2007 e 2017.
Para percorrer este período e um pouco da sua história, Além do Visível, Aquém do Intangível é distribuída em cinco séries: O Grande Corpo, Retratos Íntimos, Superfícies do Intangível, Latências Atrozes e Limites do Introspecto.
Dentro de Latência Atrozes, ele apresenta obras como A Certeza é a Prova da Dúvida, Cofres para Instintos Primitivos, Em Tempos de Incertezas o Devaneio é a Via de Fuga, Derme do Ímpeto, dentre outras. Já na série Superfície do Intangível, Afago e Encontro Impossível são destaques do seu trabalho.
O trabalho de Fábio Magalhães surge de metáforas criadas a partir de pulsões, das condições psíquicas e substratos de um imaginário pessoal, até chegar a um estado de imagem/corpo. Os resultados são obtidos por meio de artifícios que nascem de um modus operandi que parte de um ato fotográfico e materializa-se em pintura.
O artista apresenta encenações meticulosamente planejadas, capazes de borrar os limites da percepção, configuradas em distorções da realidade e contornos perturbadores. A produção artística contemporânea vem enfrentando desafios numa época em que o excesso de imagens nos faz pensar: para que mais uma? Contudo, Magalhães questiona aquilo que se encontra na superfície da tela, a imagem. Para ele, trata-se de uma superfície permeável, onde poderíamos atravessar e encontrar outros lugares, outras imagens que só existem em nossa imaginação. As mesmas podem ser entendidas como portais que nos conduzem a outras realidades e nos fazem pensar a condição de alteridade.
Neste jogo, o artista convida o espectador a “ver” o que está além das imagens produzidas por ele, nas quais figuram cenas realistas que colocam em xeque a própria realidade. Um convite para “além do visível”.
Pintura como questionamento
A opção é pela pintura. Para o artista, esta escolha se justifica por ser tratar de uma produção que questiona o ser e a condição do humano. Por isto, Magalhães optou por construir metáforas visuais que buscam discutir o Eu e o Outro. A alteridade é uma das premissas que se instaura em seu modo de fazer arte. Vivências e memórias funcionam como ativadores criativos, reunindo imaginário, fabulações e subjetividades. Usando a técnica de óleo sobre tela, ele estabelece relações e interações entre a tradição e a contemporaneidade, presentes no seu modo de fazer e pensar a arte hoje.
“A pintura de Fábio Magalhães se constitui nesse lugar inquietante entre o visível, reconhecível e familiar e o inefável e intangível”, comenta a curadora AlejandraMuñoz. Segundo ela, a importância dessa mostra é dar visibilidade à produção de um jovem artista baiano, que vem se destacando no cenário nacional com uma pintura contemporânea. O projeto tem valor significativo na carreira de Fábio Magalhães. Em 2017, ele completou 10 anos de intensa atividade, tendo a pintura como principal plataforma de atuação artística.
Além do Visível, Aquém do Intangível traz uma proposta de desterritorialização das diretrizes que definiam a produção artística do passado e coloca a pintura em outro lugar de potência, onde o artista estabelece suas próprias regras, construídas para dar visibilidade aos substratos de um imaginário pessoal, atravessados por procedimentos fotográficos, simulações de cenas e o próprio ato de pintar.
O deslocamento aqui é entendido em múltiplos aspectos, seja pela presença da pintura na atualidade, seja pela escolha de temas que se encontram transitando ente condições psíquicas, devaneios e relações humanas possíveis.
Sobre o artista
Fábio Magalhães (Tanque Novo, BA, 1982) vive e trabalha em Salvador. Ao longo da carreira, realizou exposições individuais, a primeira em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa, em Salvador. Na sequência, Jogos de Significados (2009), na Galeria do Conselho, O Grande Corpo (2011), Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, na Galeria do Conselho, ambas em Salvador; e Retratos Íntimos (2013), na Galeria Laura Marsiaj, no Riode Janeiro. Foi selecionado para o projeto Rumos Itaú Cultural 2011/2013. Entre as mostras coletivas estão: Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais, com curadoria do Agnaldo Farias, no Itaú Cultural, em São Paulo; O Fio do Abismo – Rumos Artes Visuais, com curadoria de Gabriela Motta, em Belém/PA; Territórios, com curadoria do Bitu Cassundé, na SalaFunarte, em Recife/PE; Espelho Refletido, com curadoria do Marcus Lontra, no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro/RJ; Paraconsistente, com curadoria de AlejandraMuñoz, no ICBA, em Salvador/BA; 60º Salão de Abril, em Fortaleza/CE; 63º SalãoParanaense, em Curitiba/PR; XV Salão da Bahia, em Salvador; e I Bienal do Triângulo, em Uberlândia/MG, entre outras. Entre os prêmios que recebeu destaque para Prêmio FUNARTE Arte Contemporânea – Sala Nordeste; Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea em Aracaju/SE; Prêmio Fundação Cultural do Estado, em Vitória da Conquista/BA, e Menção Especial em Jequié/BA.
Sobre a curadora
Alejandra Hernández Muñoz (Montevideu/Uruguai, 1966), reside em Salvador, desde 1992. É arquiteta, mestre em Desenho Urbano e doutora em Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAU/UFBA). Professora permanente de História da Arte da Escola de Belas Artes (EBA/UFBA), ela desenvolve trabalhos de crítica das Artes e Arquitetura e participa de júris e comitês de seleção artística. Foi curadora de diversas mostras como Saccharum-BA (ICBA e MAM-BA, Salvador), Genaro de Carvalho (MAB, Salvador), Mestres da Tapeçaria Moderna (Galeria Passado Composto Século XX, São Paulo), Circuito das Artes (quatro edições, Salvador), Triangulações (três edições, Salvador, Recife, Brasília, Maceió e Belém) e Boju-Boju (Galeria Cañizares, Salvador). Integrou as equipes curatoriais do Programa Rumos Artes Visuais 2011-2013 do Instituto Itaú Cultural (São Paulo) e da 3ª Bienal da Bahia 2014 (Salvador).
Sobre Marília Panitz Silveira
Mestre em Arte Contemporânea: Teoria e História da Arte, pela Universidade de Brasília. Foi professora nesta universidade, até 2011. Dirigiu o Museu Vivo da Memória Candanga e o Museu de Arte de Brasília. De 1994 a 2013, atuou como pesquisadora e coordenadora de programas educativos em exposições. Dirige programas de cursos livres em arte: CAIXA Cultural, Livraria Cultura, Galeria Alfinete e Galeria Ponto. Atua como crítica de arte. É curadora independente, com projetos como: Felizes para Sempre(BSB, Curitiba e SP, 2000/2001); Gentil Reversão(BSB, RJ 2001/2003); Rumos Visuais Itaú Cultural (2001/2003 e em 2008/2010); Lúdico, Lírico (Berlim, 2002); Centro|EX|cêntrico (CCBB, 2003); Situações Brasília (CAIXA Cultural e CCBE, 2005); Bolsa Produção para Artes Visuais(Curitiba, 2008/2010); Brasília: Síntese das Artes(CCBB-BSB, 2010); Mostra Tripé Brasília| Linhas de Chamada(SESC Pompéia-SP , 2011 – 2012); Mostra Rumor, Coletivo Irmãos Guimarães(Oi Futuro – RJ ,CCBB-DF e SESC Belenzinho-SP, 2012- 2013); Azulejos em Lisboa Azulejos em Brasília: AthosBulcão e a azulejaria barroca(Lisboa, 2013); Projeto Triangulações(2013 – Salvador, Brasília e Recife – 2014 –Salvador, Belém e Maceió – e 2015 – Salvador, Goiânia e Fortaleza); Mostras de Carlos Lin e Polyanna Morgana, Andrea Campos de Sá, Gê Orthof, Renato Rios e Luciana Paiva Gal (Alfinete, BSB 2013-2015); Christus Nóbrega (naAmareloNegro, Rio, e Ge Orthof, na Referência Galeria de Arte, BSB, em 2014 e na Amarelonegro, Rio, 2015); Prêmio Marcantônio Vilaça (Sesi/CNI 2014-2015);Vértice – Coleção Sergio Carvalho (no Museu dos Correios Brasília, no Espaço Cultural Correios, Rio, e no centro Cultural Correios, São Paulo 2015| 2016), Cocuradoria com Marisa Mokarzel e Polyanna Morgana.
Serviço
Exposição: Além do Visível, Aquém do Intangível
Até dia 27 de maio (domingo)
Local: Galeria Vitrine da CAIXA Cultural Brasília (Setor Bancário Sul Qd 04)
Horário de visitação: terça-feira a domingo, das 9h às 21h
Informações: 3206-9448
Entrada franca
Não recomendado para menos de 14 anos
Mesa-redonda – As Matrizes Tradicionais da Arte e a Pintura Contemporânea
Com AlejandraMuñoz e Marilia Panitz
Data: 23/05/2018 (quarta-feira)
Horário: das 18h às 19h30
Local: Sala Multimídia
Inscrições: de 18 a 22 de maio, pelo e-mail: mundoarteeventos@gmail.com
Número de vagas: 30
Entrada Franca
Não recomendado para menores de 14 anos
Fonte: Baú Comunicação Integrada
Foto: Felipe Costa