FALEMOS, ENTÃO, DE CRISTOFOBIA

Por Percival Puggina (*)

Se você quiser conhecer a extensão geográfica e a pluralidade dos ambientes culturais e políticos em que a cristofobia se manifesta como causa da perseguição religiosa, aceite meu convite e faça uma visita ao site Portas Abertas. Ali, baixe o e-book da Lista Mundial da Perseguição, com relatórios individualizados sobre os 50 países em que 260 milhões de cristãos padecem em virtude de sua fé. Neles, por diversos motivos, os cristãos:

• não têm seus direitos de liberdade religiosa garantidos;
• a conversão ao cristianismo é proibida por conta de ameaças vindas do governo ou de grupos extremistas;
• são forçados a deixar suas casas ou empregos por medo da violência que pode alcançá-los;
• são agredidos fisicamente ou até mesmo mortos por causa de sua fé;
• são presos, interrogados e, por diversas vezes, torturados por se recusarem a negar a Jesus.

Leia o relatório. Agora pense no presidente do Brasil falando, à Assembleia Geral da ONU. Assistiam-no chefes de Estado e chanceleres de todas as nações, inclusive das 50 que cometem ou convivem com tais abusos e crimes. Deveria ele unir-se ao cúmplice coro do silêncio? Não. O presidente do país com a maior população católica do mundo fez um “apelo à comunidade internacional por liberdade religiosa e combate à cristofobia”.

Pra quê! Enfileiraram-se os críticos, habituais defensores de direitos humanos dos companheiros, a apontar inconveniências na frase. Tiram de letra 260 milhões de vítimas de perseguição religiosa. Fico pensando: qual é o problema desse pessoal? De novo: qual é o problema desse pessoal? Bem, o problema é real e, também no Brasil, embora com consequências até aqui menos dramáticas, existe cristofobia. Ela seria ridícula, se não fosse raivosa. Poderia ser vista apenas como raivosa se não adviesse de grupos políticos, de círculos jurídicos, ou de mídia importante e militante. Nesse caso, se torna assustadora e quem for cristão que se cuide.

No Brasil, a cristofobia se expressa, também, na aversão de muitos a símbolos religiosos cristãos. Considera discriminatória a presença do símbolo, quando discriminador e preconceituoso é quem posa de ofendido por ele. Ou não? Mais evidente ainda a psicopatia quando pensamos nos muitos usos do cinema, teatro, exposições artísticas e performances repulsivas para atacar a fé cristã – sempre a ela! – com indiscutíveis e absolvidos crimes de vilipêndio religioso.

Os adversários dos símbolos cristãos focam, lá na frente, os princípios, os valores e as tradições que lhes são implícitos. Muitos, como os relacionados à defesa da vida, à dignidade e aos direitos humanos, às liberdades, à família, compõem convicções constitucionalizadas no Brasil. É contra esse alvo que o ateísmo militante, nutrido a cristofobia, declara guerra e rufa tambores. Não age por amor à Constituição, mas por repulsa ao perfume cristão que ela legitimamente ainda consegue exalar, aqui ou ali, a contragosto do STF.

Impossível negar o que afirmo, sabem por quê? Até hoje não encontrei nenhum paciente de cristofobia que explicite as mesmas aversões a quaisquer outras culturas ou religiões. Sua luta é contra as raízes judaico-cristãs do Ocidente.

(*) Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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Fonte: Site puggina.org, gentilmente disponibilizou este artigo para o Brasília In Foco News

Foto: Nadia Raupp Meucci

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