FANATISMO IDEOLÓGICO

 

Miguel Lucena*

Algumas pessoas têm ligado para Zezé Rocha, ex-deputada e ex-militante da esquerda, advertindo que ela manchará sua história se apoiar determinado candidato que não seja aquele da preferência ideológica do interlocutor, como se fosse possível passar a borracha no que foi feito. História é o passado, daqui para a frente é outra história!

Invocam a luta contra o regime militar, como se a esquerda não tivesse se aliançado com os civis mais podres que serviram aos governos do período, como todo o carlismo na Bahia, Sarney no Maranhão, Collor em Alagoas e os Coelho de Pernambuco.

Zezé lutou bravamente pela democracia e não esperava que seus líderes se aproveitassem do esforço gigantesco de milhares para chegar ao poder e se esbaldar na corrupção mais desenfreada.

O fanático ideológico não enxerga virtudes individuais em ninguém, somente naqueles que servem aos seus propósitos, mesmo que seja um canalha.

Ao atrair pessoas para seu campo ideológico, o fanático forja amizades, convida para passear, beber e comer, até seduz e namora, mas nunca perde de vista seu objetivo: escravizar a alma de sua presa. Qualquer discordância mais séria é motivo para rompimento da falsa amizade e do falso amor.

Mesmo quando a pessoa se liberta do esquema partidário, o fanático a mantém sob vigilância, dentro de seu campo de influência, e daí a vítima não consegue sair se não enxergar a falsidade dos que a cercam.

Não há amizade desinteressada para o fanático. Para ele, alguém só presta se estiver a serviço de sua ideologia. Não sabem eles que quem acorda não tem mais tempo para ser enganado.

 

*Miguel Lucena é delegado da Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e articulista do Brasília In Foco News

 

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