Fantasma da privatização assusta a Caesb
Funcionários se mobilizam pelo acordo coletivo e contra a venda da empresa. Há ameaça de greve
Os dois mil funcionários concursados e comissionados da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) estão mobilizados para uma assembleia na tarde desta quinta-feira (2), com indicativo.
Eles cobram a assinatura do acordo coletivo de trabalho, que deve vigorar a partir de maio, nos termos do anterior, e o cumprimento do plano de reestruturação da companhia apresentado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB) durante a campanha eleitoral do ano passado.
Também não aceitam a indicação do advogado Carlos Augusto Lima Bezerra para a presidência da empresa. O Sindicato que representa os servidores (Sindágua) acusa Bezerra de ser favorável à privatização da Caesb, o que contraria o planejamento do então candidato Ibaneis.
Metas – As metas para os próximos quatro anos, organizadas por uma equipe técnica de mais de 50 pessoas e que começaram a ser implementadas em março pelo então Fernando Leite, se baseiam em quatro grandes eixos: aumento de receita, redução de despesas, eficiência empresarial e melhoria do clima organizacional.
Para isso, foi prevista uma série de ações. Um dos principais objetivos é implementar 200 mil ligações de água e 240 mil novas ligações de esgoto por meio do programa Água Legal. Outra meta é reduzir para 25% o índice de perdas, hoje estimado em 34%.
Recuperação – Depois de fechar 2018 com prejuízo de R$ 247 milhões e endividamento de R$ 1,06 bilhão, a Caesb ensaia recuperação e aponta tendência de lucro superior a R$ 20 milhões no primeiro trimestre deste ano.
Os primeiros resultados são reflexo da mudança de gestão e a expectativa é de que se desdobrem em números ainda mais promissores, fechando 2019 com superávit superior a R$ 100 milhões.
Para alcançar esse resultado, a aposta é no programa de recuperação financeira e eficiência empresarial lançado em março com o nome de Nova Caesb. Com a implementação do plano, a Caesb espera, além de superar a crise financeira, afastar o fantasma da privatização e garantir segurança hídrica para a população.
Desde o início do ano, há um conjunto de obras em andamento que permitirão atender um milhão de pessoas a mais do que atende hoje com abastecimento de água. Uma delas é a interligação que permitem a transferência de água entre diferentes sistemas produtores.
Investimentos – Outros investimentos previstos para recuperar a Caesb são a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Gama, atualmente em pré-operação com capacidade de produzir 320 litros por segundo; a fase 2 do Sistema Paranoá, que atualmente produz 700 litros por segundo e com um investimento de R$ 250 milhões passará a produzir 1.400 litros por segundo.
O sistema Corumbá, que deve entrar em operação até o final deste ano produzirá 2.800 litros por segundo, sendo 1.400 l/s para Goiás e 1.400 l/s para o DF).
O Nova Caesb também prevê a modernização de processos e o investimento em inovação e compartilhamento de informações para tornar a companhia totalmente digital, automatizando todas as unidades. Há em curso um projeto piloto para implantar a telemetria, tecnologia que permitirá ao consumidor acompanhar em tempo real o seu consumo de água.
Fonte: Brasília Capital – Por Orlando Pontes – Foto: Reprodução