Fernando Henrique: ‘Crise moral pôs todos os partidos longe das ruas’

 

Nesta terça-feira (26), PSDB faz ato comemorativo dos 30 anos de fundação da sigla

PSDB faz um “ato comemorativo” dos 30 anos de fundação da sigla, nesta terça-feira (26), em Brasília (DF), durante reunião de integrantes da executiva tucana. Diante do atual cenário, a ideia é fazer um evento discreto e fechado, no salão de um hotel, “só para a efeméride não passar totalmente em branco”, diz comunicado enviado pelo presidente nacional da legenda, o ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu entrevista e falou sobre os rumos que o PSDB tomou, ao longo dessas três décadas.

O manifesto de fundação do PSDB disse que o partido nascia longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas. O partido está hoje perto disso?

O PSDB esteve mais perto do pulsar das ruas quando apoiou as medidas necessárias para manter o real. Lembrem-se que eu ganhei a eleição e a reeleição no primeiro turno. Depois, fora do governo federal, o PSDB manteve o controle político em expressivos Estados, como em São Paulo. Mas é indubitável que a crise político-moral que a Lava Jato desvendou levou todos os partidos para longe do pulsar das ruas.

O PSDB está mais liberal do que antes?

O PSDB é hoje mais liberal, mas não menos socialmente orientado.

Na sua avaliação, por que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem um desempenho fraco nas pesquisas se comparado às pesquisas do mesmo período desde 1994?

Porque a sociedade mudou muito, os novos meios de comunicação estão à disposição do eleitorado e o momento é difícil para quem está no governo. Entretanto, é cedo para avaliar. O jogo eleitoral para o povo começa mesmo quando a televisão e o rádio entram.

O que o PSDB deve fazer para recuperar seus eleitores e retomar militantes?

Dadas as características do momento brasileiro, a mensagem, a conduta moralmente correta de quem a emite e o desempenho dos atores políticos serão essenciais.

O que a prisão de Eduardo Azeredo significa para o PSDB?

O Eduardo está sofrendo as consequências do que hoje ocorre: o passado é julgado pela métrica do presente. Além do mais, há uma busca na mídia por “equidistância”. Assim como houve um mensalão do PT, fala-se de um mensalão do PSDB mineiro, que não houve. O que houve, sim, foi caixa 2, que também está capitulado no Código. E o Eduardo teria sido beneficiário eleitoral, mas provavelmente não ator do delito. Mas para a opinião pública, é tudo “farinha do mesmo saco” e o partido paga o preço, além dele próprio, que foi condenado a 20 anos. Junto com Justiça, há também algo de vindita (vingança). Tempos bicudos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Fonte: Notícias Ao Minuto

Foto: Nacho Doce / Reuters

 

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