Greenfield denuncia diretores da Funcef e Petros por gestão temerária
Força-tarefa da Operação Greenfield acusa 17 investigados, entre os quais dirigentes dos fundos
Os procuradores da força-tarefa da Operação Greenfield denunciaram nesta quarta-feira (14/3) diretores dos fundos de pensão da Caixa (Funcef) e da Petrobras (Petros) por gestão temerária e desvio de recursos de instituição financeira, por causa dos investimentos realizados no Fundo de Investimentos em Participações (FIP) Enseada. No total, 17 pessoas foram denunciadas.
Além dos dirigentes dos fundos, também foram denunciados diretores e gestores da empresa CBTD (Companhia Brasileira de Tecnologia Digital S/A). Segundo o Ministério Público Federal, as duas instituições investiram R$ 17 milhões cada, porém sem “observar os deveres de diligência e o princípio da rentabilidade, segurança e liquidez”.
Para os procuradores da força-tarefa, as investigações revelaram a existência de uma “articulação prévia” entre a CBTD e os fundos de pensão investidores, e isso indica que a “operação foi previamente acordada sem se submeter ao fluxo de análise e aprovação de investimentos interno aos fundos de pensão”. Os dois fundos tiveram prejuízo total com o investimento.
“A única explicação lógica para a realização desse investimento é a de que este foi aprovado em decorrência da vontade de beneficiar indevidamente, com o capital dos participantes de fundos de pensão, os então controladores e credores da falida Gradiente”, afirmam os procuradores na denúncia encaminhada à 10ª Vara Federal em Brasília.
O FIP Enseada foi criado em março de 2010 com a finalidade de direcionar seus investimentos à CBTD – esta última, fundada para adquirir a IGB Eletrônica, antiga Gradiente, que passava por recuperação judicial. Ao adquirir a IGB, a CBTD ficou responsável pelo pagamento do passivo trabalhista e tributário da empresa. Segundo a denúncia, para conseguir arcar com esses gastos, a CBTD precisa do aporte dos fundos de pensão.
Entretanto, diz a denúncia, um ano antes do investimento de Funcef e Petros, a CBTD já enfrentava dificuldades financeiras e apresentava prejuízo em seu balanço. Por causa disso, para os investigadores, o investimento na CBTD “não fazia sentido econômico-financeiro”.
“Ao tempo do investimento de Funcef e Petros no FIP Enseada, era possível encontrar várias empresas consolidadas com taxas de retorno de patrimônio líquido bem superiores às propostas (irrealisticamente) pela CBTD, com riscos de crédito mais baixos e melhores níveis de liquidez”, afirmou por meio de nota a força-tarefa da Operação Greenfield.
Fonte: AGÊNCIA ESTADO / ESTADÃO CONTEÚDO
Foto: MICHAEL MELO/METRÓPOLES