Greve completa 10 dias com desabastecimento de gás e combustível no DF
Mesmo com a escolta do Exército, manifestantes atacaram dois caminhões que reporiam o estoque de GLP em Brasília. Falta ainda álcool anidro
A crise de desabastecimento provocada pela paralisação nacional de caminhoneiros promete agravar a distribuição de gás de cozinha em todo o Distrito Federal nesta quarta-feira (30/5). Dos 25 caminhões com carregamento para Brasília, dois foram atacados por manifestantes que tentavam bloquear a saída dos veículos em um trecho da BR-040 próximo a Paracatu (MG).
Nem mesmo a escolta do Exército impediu o comportamento agressivo contra os motoristas que tentavam seguir viagem. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de GLP (Sindvargas), Sérgio Costa, os militares não intervieram quando o grupo começou a apedrejar as carretas. “Apenas registraram”, disse Costa.
O ato de vandalismo resultou em duas vidraças quebradas e o receio dos transportadores em continuar o trabalho. “Temos cerca de 25 carretas em trânsito, porém todas em bloqueios. Nossa dificuldade é colocar os veículos no acesso à rodovia. Alguns motoristas estão inseguros, com medo pela integridade física e da carga”, disse o presidente do Sindvargas.
A situação também é desfavorável para quem pretende abastecer o automóvel. A normalização do serviço caminha a passos lentos no DF. “Os caminhões ainda estão saindo com escolta policial, mas o combustível tem acabado rapidamente nas bombas, por causa das filas de carros que estão sendo feitas nos postos da cidade. A nossa expectativa é que a situação se regularize no final da semana”, prevê a presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Distrito Federal, Elisa Schmitt.
Carlos Costa, presidente do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do DF (Sinpospetro), considera que a falta de álcool anidro para a mistura com a gasolina ainda vai prejudicar o abastecimento. “O etanol vai praticamente zerar nesta quarta-feira [30], nos postos, e só a Shell tem conseguido entregar algum combustível, ainda que em pequenas quantidades”, disse.
O Governo do Distrito Federal informou que 80 caminhões-tanque carregados de álcool anidro devem chegar na capital nesta quarta. O abastecimento do produto, usado na mistura com a gasolina, ajuda a amenizar a crise e contribui para o aumento percentual do álcool, que tem variado entre 18% e 27% desde a redução dos estoques do derivado da cana-de-açúcar.
Do dia 23 ao dia 29 de maio, quando começaram os apoios da Polícia Militar do DF, foram realizadas 822 escoltas e garantidos 21.378.006 litros de combustível aos postos. Além disso, ainda foi possível liberar o abastecimento de 481.162kg de gás de cozinha.
Educação, saúde e aeroporto
As escolas, unidades de saúde e transporte público funcionam normalmente nesta quarta (30/5). O Metrô-DF ampliou o horário de pico em uma hora, pela manhã e à noite.
O abastecimento do Aeroporto Internacional de Brasília está voltando à normalidade. Embora o cenário ainda exija cautela e economia do querosene de aviação (QAV), os estoques chegaram a 66% nessa terça (29) e já não trazem tanta preocupação como nos últimos dias, quando a reserva do combustível chegou a zero no terminal.
Comida
Os estoques de comida são suficientes para abastecer o Distrito Federal por 30 dias e não preocupam tanto o setor, conforme informou o Sindicato do Comércio Atacadista do DF. A situação também melhorou nos supermercados, e não devem faltar produtos nesta quarta-feira.
“Conseguimos receber bananas, tomates, algumas carnes, e aos poucos estamos recebendo frutas, verduras e legumes, que são os alimentos perecíveis. Estão liberando algumas rodovias, o que facilita a entrada dos alimentos na cidade”, explica o presidente do Sindicato dos Supermercados do Distrito Federal (Sindsuper-DF), Antonio Perón.
Fonte: Metrópoles
Foto: Pedro Ventura/Agência Brasil