HISTÓRIA DE AMOR E LUTA

 

(Para Zezé)

 

Miguel Lucena*

 

Zezé completa hoje mais um ano de vida. Conheci-a em 1986, durante entrevista no congresso nacional de professores, em João Pessoa, Paraíba. Fui designado, como repórter, para cobrir o evento e entrevistar duas personalidades de destaque: a novidade do momento, Maria Luiza Fontenelle, recém-eleita prefeita de Fortaleza, e Maria José Rocha Lima, conhecida como Zezé, presidente da Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB) e já famosa por arrebatar multidões e incendiar plenárias.

Bem magrinha (pesava 47 quilos), fala firme mas serena, Zezé respondia as perguntas como se estivesse ditando o texto para o repórter, com muita clareza. Abordamos a eleição de Tancredo no Colégio Eleitoral, Constituinte exclusiva e Educação. Na mesma manhã, consegui entrevistar Maria Luiza Fontenelle.

Chegando na redação, convenci o editor a publicar logo a entrevista de Zezé e deixar a de Maria Luiza para o fim de semana, por ser mais importante. No íntimo, eu queria mesmo era que a matéria com Zezé saísse logo, para ter um motivo de voltar ao congresso e mostrá-la à morena arrebatadora.

Não deu outra: o jornal saiu com uma bela foto de Zezé em destaque. Ela trajava uma roupa hippie de boutique, com uma saia comprida e sandálias de couro. No dia seguinte, quando a encontrei e lhe dei o jornal de presente, ela já estava de calça jeans e bata, agitando os companheiros para a plenária.

Quando eu disse que consegui emplacar a entrevista dela na frente da matéria de Maria Luiza, ela ficou toda ancha. Trocamos os telefones fixos e nunca mais perdemos contato. Começamos a namorar dois anos depois, quando nos reencontramos em São Paulo, durante um curso.

Naquele tempo, havia um ritual de propor namoro, diferente de hoje. Ela disse que tinha um namorado, mas não era nada sério, iria voltar para a Bahia, acabar o namoro e começar a namorar comigo. Quando recebi o sinal verde, corri para a Bahia  e nunca mais larguei a baiana. Já se vão 30 anos – um de namoro, um de convivência sob o mesmo teto e 28 de casados. Temos um belo e querido filho, Lucas Vicente, e seguimos firmes, amando e lutando, porque a nossa história é de amor e luta!

 

*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista, escritor e colunista do Brasília In Foco News

 

Deixe seu comentário