“Hospital tem que ser último recurso para tratar saúde mental”, defende Paulo Delgado
Sociólogo aposta na NovaMente como política pública para acolhimento e escuta dos servidores
Responsável pela lei que acabou com os manicômios no Brasil, o professor e sociólogo Paulo Delgado conheceu o Centro de Atendimento e Estudos da Saúde do Servidor Público do DF (Espaço NovaMente) e se tornou defensor da expansão do projeto como exemplo de mudança de perspectiva no tratamento da saúde mental.
“Temos que entender que o hospital é sempre o último recurso. Uma pessoa com transtorno e doença mental não precisa ter uma vida hospitalar, principalmente porque ela não é contagiosa. Uma pessoa com a saúde mental debilitada precisa de acolhimento, atendimento aberto e espaços de liberdade. E é isso que a NovaMente vai oferecer”, explica Delgado.
Para ele, a criação de espaços como a NovaMente ajudarão na mudança de paradigma como “modelo exemplar que vai se expandir para outras áreas da administração pública do DF e contaminar o país”.
“Isso não é regra da administração publica, mas, em muitos casos, as repartições públicas no Brasil têm ambientes opressivos que levam o servidor à depressão, perda da autoconfiança, da autoestima e do amor próprio. Esse projeto vai ajudar o Brasil a pensar outras formas de acolher as pessoas que estão em sofrimento”, acredita o sociólogo.
Conflitos
Paulo Delgado defende que o país não precisa de novas leis e sim de aplicar o que já está previsto. Uma das causas do aumento de problemas de saúde mental, na opinião dele, são conflitos que sempre existiram no Brasil, entre eles o das políticas sociais em relação aos orçamentos públicos.
“A sociedade tem uma tendência a imaginar que as áreas econômicas são mais importantes que as sociais. E a sociedade precisa entender que optar pelo desenvolvimento sem se preocupar com saúde mental é assumir que não se terá um bom desenvolvimento econômico”, diz.
NovaMente
O Centro de Atendimento e Estudos da Saúde do Servidor Público do DF fará o acolhimento e atendimento de servidores da Saúde que sofrem com problemas de saúde mental e foram afastados do trabalho em função do adoecimento.
Eles serão atendidos por uma equipe multidisciplinar de psicólogos, assistentes social, fisioterapeuta, enfermeiro, educador físico, nutrólogo e terapeuta ocupacional.
O espaço, de 4 mil metros quadrados de área verde e 800 mil metros quadrados de área construída, fará uma ponte entre o tratamento oferecido na rede pública e privada aos servidores e demais espaços para acolhimento.
Servidor doente
Segundo dados do relatório da Diretoria de Epidemiologia em Saúde do Servidor (2015 – 2017), 40 mil atestados foram emitidos para servidores da assistência à Saúde nesse período. Desses, 22,6% dos afastamentos foram por ansiedade, depressão e estresse grave – ou seja, a cada 5 afastamentos, 1 é por motivo de doença psicológica.
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Fonte: SindSaúde DF – Foto: Divulgação/SindSaúde DF