Igreja Universal usa área verde como estacionamento e irrita moradores

 

Na Entrequadra 212/213 Sul, reclamação é que tráfego intenso de carros dos fiéis da Universal está prejudicando o meio ambiente

Confusões sobre o aproveitamento de áreas verdes das entrequadras do Plano Piloto são recorrentes. Desta vez, a polêmica envolve moradores da 212 e da 213 Sul, que protestam contra a construção de um estacionamento nas proximidades da Igreja Universal do Reino de Deus.

A reclamação é que o intenso movimento de veículos de fiéis nos dias de culto tem degradado a área verde. Segundo a chef de cozinha Maria de Lourdes, 46 anos, moradora da região, o espaço deveria ser destinado à construção de uma escola pública.

Maria conta que, antes da ocupação por parte da entidade religiosa, moradores usavam o espaço para momentos de lazer. “As famílias sentavam aqui e faziam piqueniques. Atualmente, não tem mais verde, só a brita deixada pelos caminhões no fim do ano passado”.

Ainda de acordo com a chef, o movimento é intenso nos fins de semana (veja abaixo), quando os cultos ocorrem. Ela afirma que, nesses dias, a área chega a receber quase 2 mil fiéis, e a lotação provoca transtornos nas quadras ao redor.

“O espaço tem capacidade para 180 vagas e recebe 300 carros. Imagina o caos que fica isso aqui. Vivemos com medo de sair e acabarmos atropelados”, diz Maria.

Respostas
Em protesto, um grupo de moradores mobilizou-se em ato contra o avanço da ocupação. No mês de abril, eles tentaram fechar o acesso a veículos e plantaram mudas de árvores nativas na área. Uma denúncia também foi registrada no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Segundo o órgão, a manifestação foi encaminhada pela Ouvidoria à 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística, que vai averiguar as possíveis irregularidades.

Já a Administração Regional do Plano Piloto informou estar “intermediando um acordo entre os moradores da quadra e representantes da igreja para contemplar os diferentes interesses envolvidos”. Ainda de acordo com o órgão, a área verde é pública e não pode ser usada como estacionamento. A administração confirmou que no espaço há a previsão de construção de uma escola-parque, mas o projeto até hoje não foi executado, em razão da falta de recursos.

Procurada pelo Metrópoles, a Igreja Universal preferiu não se manifestar sobre as reclamações, mas confirmou que contrata vigias e manobristas para auxiliar os fiéis e organizar o fluxo de veículos durante os cultos.

Recentemente, a entidade religiosa oficializou pedido à Administração do Plano Piloto para poder usar a área como estacionamento.

 

Jardim medicinal
Em abril, o Metrópoles contou a história da destruição de um jardim medicinal no Bloco H da 216 Norte, que estaria causando discórdia entre moradores da quadra. Segundo o síndico do prédio, Jader Almeida, a decisão de remover o espaço – que funcionava há mais de 20 anos na área verde do edifício – foi aprovada por unanimidade em assembleia realizada em 22 de fevereiro. Mas moradores negaram a afirmação e acusaram Almeida de se apropriar de um local público.

Na ata da assembleia cedida ao Metrópoles, é dito que, “em razão do abandono, de acumulação de objetos como cocos velhos, desorganização das plantas existentes, acúmulo de lixo e água, sujeitando os moradores aos riscos de epidemias, como por exemplo dengue, foi apresentada a proposta de transformar o espaço em jardim, reservando pequenos canteiros para plantas medicinais ou temperos, com extinção da comissão verde”.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Igo Estrela/Metrópoles

 

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