Jonas Masetti – Mestre em Vedanta – fala sobre a relação da meditação com o esporte
O esporte, entre suas muitas práticas, nasceu com um exercício de meditação, o qual era mesclado com ensinamentos de um mestre, principalmente nas Artes Marciais. Com o passar do tempo e ao chegar no Ocidente, houve a ruptura desta estrutura
A meditação é uma prática milenar oriunda das tradições orientais, iniciada na Índia e difundida em toda a Ásia. É talvez uma das práticas mais antigas da humanidade e comum, não só entre os monges, sacerdotes e pessoas que buscam a paz interior, mas também é exercitada por praticantes de artes marciais.
Jonas Masetti, considerado um dos grandes mestres da atualidade em Vedanta – estudo milenar do autoconhecimento, explica que uma prática completa de arte marcial sempre envolve algum tipo de aquecimento, alongamento, o exercício em si, e depois uma meditação, que muitas vezes é mesclada com ensinamentos. “Foi dessa estrutura que ao chegar ao ocidente e ser difundido para o mundo todo, que surgiu a prática do esporte. Infelizmente, alguns rituais, dependendo do estilo, foram perdidos, incluindo a meditação”, complementa.
O mestre ressalta que existe um tesouro escondido na meditação que está por traz da atividade física. “Quando você exercita um esporte, ou seja, uma prática que requer muita energia, automaticamente ele faz com que exista uma liberação emocional. Por isso, é tão bom praticar esporte, porque existe um desejo, de estar ali suando, gritando, pulando etc. porque existe por meio deste movimento a liberação de algumas emoções”, enfatiza Masetti.
É possível fazer correlações entre as emoções que a pessoa tem e o esporte que ela pratica. Fazer meditação antes ou depois de uma prática esportiva pode trazer a oportunidade do autoconhecimento. “Ao final de uma prática de meditação, ela serve como um instrumento de levar a pessoa a uma maior compreensão de si mesmo. Mas, muitos também utilizam no início da prática para obter mais concentração e foco para alcançar um equilíbrio emocional para executar aquela tarefa. É muito comum em maratonas, jogos de futebol ou qualquer outra competição que exige muita pressão”, detalha Masetti.
O grito vivido em alguns esportes, principalmente, em jogos decisivos age como forma de meditação. “Quando é necessário aquele gás final para alcançar um objetivo dentro de um jogo, por exemplo, todos se reúnem como num jogo de futebol americano para determinar uma energia, como se todos entrassem nessa sintonia. Essas ações são realizadas sem muita técnica. Imagina se de fato esses jogadores mergulhassem na prática da meditação, trabalhando o medo do fracasso e da pressão emocional para que pudessem chegar mais longe em seus resultados. A seleção Alemã de futebol é um bom exemplo, pois eles usam a meditação antes de todos os treinos para ter mais eficácia”, continua o mestre.
Portanto, a prática de meditação é uma compensação para a mente, evitando que ela se utilize de vícios comportamentais que prejudiquem o indivíduo durante uma prática de esporte. Ela age como uma prática de reprogramação. “A meditação não é algo que você aproveita de uma única prática. Ela depende de uma continuidade assim como a prática de um determinado esporte. Estou muito feliz porque cada vez mais o esporte tem resgatado esta conexão com a prática milenar, que está cada vez mais sendo valorizada, na medida em que os benefícios disso possam ser observados”, finaliza Masetti.
Perfil Jonas Masetti
Jonas Masetti, chamado na Índia de Vishvanatha, brasileiro, tem 36 anos, e é mestre em Vedanta – estudo milenar do autoconhecimento. É discípulo do Swami Dayananda Saraswati, considerado o maior mestre de Vedanta da atualidade, tendo vivido por quatro anos na Índia, onde se formou Mestre em Vedanta pelo Ashram do Swmi Dayananda em Coimbatore em 2013.
É formado em engenharia mecânica pelo IME (Instituto Militar de Engenharia), foi sócio fundador da Morning Star Consulting, onde atuou no mercado financeiro e de multinacionais como consultor de negócios. Sua empresa chegou a ser uma das maiores na área de consultoria em gestão e estratégia para grandes empresas, chegando a ter 100 funcionários em 2003. Apesar de todo o sucesso profissional, Masetti buscava uma resposta e se manteve firme neste propósito, passando por diversos grupos e professores, até chegar à Índia.
Fundou em 2013 o Vendanta.Life, instituto de espiritualidade, que tem por objetivo ser um agente transformador de pessoas para a construção de um mundo melhor para todos por meio da disseminação do Vedanta. O Instituto agrega uma comunidade com mais de 30 mil pessoas e mais de 400 alunos regulares. O conhecimento do Vedanta é disseminado por meio de aulas online, usando tecnologia de ponta, que permite alcançar alunos em outros países, tais como Estados Unidos, Portugal, México e África, bem como pessoalmente em eventos pontuais e retiros espirituais junto à natureza ou dentro de ambientes empresariais, focado aos líderes das companhias.
Sobre o Vedanta
Vedanta é o nome do estudo realizado a partir do final dos Vedas – quatro escrituras básicas da cultura hindu, que deu origem ao conceito de autoconhecimento. Na sua etimologia o termo vedanta possui dois significados: ‘aquilo que se encontra ao final dos Vedas’, pois ‘anta’ em sânscrito significa ‘fim’; e também, ‘o conhecimento final’, já que a palavra ‘veda’ também significa simplesmente ‘conhecimento’.
O estudo consiste em uma mudança cognitiva, a correção de uma visão sobre o mundo e si mesmo. A visão errônea é a causa do sentimento de limitação, impotência e incompletude, que é básico em todo o ser humano.
Desse modo, Vedanta não é considerada uma religião. O conhecimento proposto se dá pelo uso de um meio externo ao sujeito. Assim como a ‘olho nu’ não somos capazes de ver a si mesmo, ninguém é capaz de ‘ver’ o ‘eu’. Portanto, Vedanta é como um espelho: funciona como meio de conhecimento para aquilo que não podemos ver sozinhos.
Fonte: A4&Holofote Comunicação – São Paulo/SP
Foto: Reprodução