Lavanderias: mais uma prova do abandono na Saúde Pública do DF

 

Falta de produto para lavagem das roupas traz riscos e causa atraso no trabalho dos servidores

Mais um problema que é rotina nas unidades de saúde da rede pública do Distrito Federal oferece riscos para a saúde dos pacientes e causa atrasos na rotina dos servidores dos hospitais. A falta de produtos nas lavanderias, denunciada várias vezes aqui no SindSaúde, continua ocorrendo com frequência.

Atualmente, todas as unidades de saúde aguardam a compra dos produtos por parte da Secretaria de Saúde e dependem do Programa de Descentralização Progressiva das Ações de Saúde, que tem limite de gastos baixo, para o abastecimento. Os produtos que chegam, ou não são adequados, ou são em pequenas quantidades.

No caso do Hospital Regional de Samambaia, por exemplo, os servidores da lavanderia estão fazendo retrabalho. Até este domingo (11/03), a unidade só tinha um dos cinco produtos que fazem parte do ciclo de lavagem das roupas hospitalares. Alguns produtos chegaram, mas não são os ideais para a limpeza eficiente dos lençóis e outras roupas.

“Nossa lavagem é com água fria e nos mandam um produto que é usado em lavagem com máquinas a vapor. Jamais o produto vai limpar essas peças aqui do HRSAM”, afirma um servidor.

A constatação do SindSaúde é de que o mesmo serviço precisa ser feito mais de uma vez, já que as peças, muitas delas já rasgadas ou gastas pelo tempo de uso, ainda saem manchadas de sangue e outras sujeiras.

Muitas peças que saíram da lavanderia para a o Centro de Material Esterilizado do HRSAM, precisaram voltar para serem lavadas novamente. “Não conseguiram montar um kit sequer de roupas para o centro cirúrgico. É retrabalho, atraso e gasto de mais energia”, afirma.

Montes de roupas sujas estão na fila da lavagem, mas os servidores precisam refazer a lavagem de outras peças primeiro. Com isso, falta material na internação e centro cirúrgico. “A situação pode, inclusive atrasar um atendimento ou cirurgia, já que não tem roupa de cama e para profissionais e pacientes limpa”.

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Segundo a reportagem do SindSaúde apurou na unidade, na manhã desta segunda-feira (12), o HRSAM pediu apoio do Hospital Regional de Taguatinga para “emprestar” um produto que seja eficiente na lavagem das roupas.

Falta de roupas
Além da demora para conseguir limpar as roupas, os servidores e pacientes ainda enfrentam a falta de lençóis e outras peças para serem usadas no atendimento. Servidores mais antigos na unidade nem lembram quando foi a última vez que o Governo do DF comprou novas roupas para hospitais da rede pública.

“Estão todos rasgados, manchados e muitos são extraviados para outras unidades quando um paciente é levado para fazer exames ou é transferido para outro hospital”, afirma uma servidora.

Para a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, o governo só reforça sua desatenção com a Saúde Pública do DF. “Faltam condições para o servidor e para o paciente. É muito triste ver que nem um lençol limpo nós temos nos hospitais. Enquanto o servidor se esforça na tentativa de limpar a peça, sem um produto adequado, o paciente está lá na unidade enrolado em trapos”, afirma.

“Enquanto o secretário de Saúde se gaba de que o IHBDF é a saída e oferece como vitrine apenas as notícias, ele se esquece que as demais cidades do DF também têm pacientes. Todos eles merecem a atenção e que o governo os trate segundo o que manda a Constituição, de que saúde é direito de todos. O governo de Rollemberg segue deixando uma triste marca de abandono e incompetência. Seria cômico se não fosse trágico: uma gestão que não consegue sequer lavar as roupas sujas nos hospitais”, criticou Marli.

A situação pode ainda colaborar com contaminações e proliferação de superbactérias. No início do mês, cinco pacientes infectados com a bactéria multirresistente Klebsiella (KPC) foram isolados no Hospital Regional do Guará (HGRu). “Pesa sobre a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) se manifestar sobre o assunto”, questiona a presidente.

SES mente
Em nota, a direção do Hospital Regional de Samambaia informou que a denúncia da falta de produtos de limpeza não procede. “Como disseram que é mentira, colocamos os vídeos e áudios que provam a nossa denúncia”, informou a presidente.

Confira:

O SindSaúde continua na cobrança para que o GDF ofereça condições de trabalho para os servidores e um serviço de qualidade para a população.

 

Fonte: SindSaúde

Foto: SindSaúde

 

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