Lesões no Futebol Feminino
O Brasil é reconhecido internacionalmente como o “país do futebol” graças ao sucesso de sua seleção nacional masculina, com cinco títulos mundiais, e ao grande número de jogadores que há muito tempo se destacam nos melhores clubes ao redor do mundo, tendo como sua referência máxima Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
A trajetória das mulheres no esporte é muito mais recente: o primeiro jogo oficial da Seleção Feminina do Brasil foi realizado apenas em 1986, quando foi derrotada pelos Estados Unidos por 2 a 1. Dez anos depois, Marta Vieira da Silva receberia o primeiro de seus seis prêmios de melhor jogadora do mundo no ano, e em 2007 a seleção conquistava seu melhor resultado até hoje nos Jogos Olímpicos, um segundo lugar.
Com a proximidade da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino, que será realizada na França no mês de junho, o assunto entra em pauta nas editorias esportivas de todo o país e é sobre isso que venho falar hoje.
O futebol feminino ainda hoje sofre com a falta de estrutura e de planejamento das equipes, não apenas no Brasil. As mudanças de clubes são muito mais frequentes e dificilmente as atletas têm um período adequado de pré-temporada onde se preparam fisicamente para suportarem o desgaste da temporada de jogos. Quando lesionadas, o suporte médico e de fisioterapia é mais limitado e muitas vezes elas são forçadas a terem um retorno precoce, uma vez que os clubes não possuem peças suficientes nos elencos para uma substituição no mesmo nível. A falta de uma pré-temporada e de uma preparação física de manutenção durante a temporada aumenta muito o risco para certos tipos de lesões, e o tratamento incompleto faz com que a recorrência destas lesões seja maior.
Lesões em homens X mulheres
Além das diferenças nas características do jogo, os hormônios sexuais femininos e o ciclo menstrual atuam diretamente sobre a musculatura, tendões e ligamentos, podendo levar a um maior ou menor risco para cada tipo de lesão. Estudos mostram que o número total de lesões é aproximadamente 30% maior entre os homens, mas que as lesões graves são mais frequentes entre as mulheres, principalmente os entorses graves dos joelhos ou tornozelos.A preocupação maior entre as mulheres são as lesões do Ligamento Cruzado Anterior, aproximadamente 6 vezes mais frequente do que entre os homens, sendo responsável por aproximadamente 40% dos dias perdidos de treino em equipes de futebol feminino. Fatores anatômicos, hormonais e neuromusculares estão relacionados a essa maior incidência.
Prevenção de lesão
Os programas de prevenção de lesões mais discutido no meio do futebol, principalmente o FIFA 11+, não são específicos para o futebol feminino mas já demonstraram ser um bom método de prevenção também entre as mulheres. A medida em que as lesões entre as mulheres são melhor estudadas, porém, tem sido observada a necessidade de programas específicos, uma vez que os fatores de risco são diferentes. Mais do que isso, porém, a redução do número de lesões deve envolver necessariamente um maior esforço dos gestores de futebol na busca por medidas que comprometam os clubes com o suporte às atletas fora de temporada e ofereçam melhor suporte de equipes médicas e de fisioterapeutas.
O Dr João Hollanda é médico ortopedista especialista em cirurgia do joelho e traumatologia esportiva. Trabalha atualmente como médico da seleção Brasileira de Futebol Feminino. Maiores informações em www.ortopedistadojoelho.com.br.
Fonte: FutPress Comunicação – Assessoria de Imprensa / São Paulo-SP
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