MAIS JUSTIÇA, MENOS HOLOFOTES!

 

Tenho muito receio daquelas pessoas que batem no peito e dizem de boca cheia: Eu sou honesto!

A honestidade não pode ser um tipo de peça publicitária criada com o propósito de construir uma imagem positiva em torno de uma determinada pessoa. Ao contrário, a honestidade deve ser um valor intrínseco do indivíduo que vai sendo naturalmente percebido a partir do comportamento ostentado no dia a dia!

Errou Lula quando quis fazer espetáculo em torno de si mesmo dizendo que não existe pessoa mais honesta do que ele, tentando criar uma aura de santidade como contraponto às acusações que estão sendo sistematicamente lançadas sobre ele.

Se a honestidade não pode ser motivo de espetacularização, muito menos a justiça!
Quando a justiça se torna um instrumento de promoção individual utilizado para servir de uma espécie de capa mitológica levando ao endeusamento de um agente público pago (e muito bem, com auxílio de moradia e tudo) para ser apenas servidor da sociedade, alguma coisa está errada!

Um juiz não precisa de microfone, de câmeras, de holofotes ou de cliques fotográficos. Basta uma caneta, no recôndito do seu saber jurídico e no silêncio introspectivo de sua consciência cidadã para dar serenamente o seu veredito

Quanto a justiça vira objeto de espetáculo ela se iguala a um circo (aquele da estratégia romana para desviar a atenção das massas dos seus reais problemas) que distrai o espectador conduzindo-o a um elevado estado de euforia e encantamento, a ponto de fazê-lo abstrair-se dos demais contextos que permeiam o cotidiano da vida em sociedade.

O espetáculo, por mais sedutor que seja, não passa de cortina fumaça, de névoa que obscurece outras realidades bem mais relevantes do que a mera teatralização do direito achado nas páginas dos jornais ou nos noticiários radiofônicos e televisivos.

Justiça não é panaceia que anestesia a mente sob a falsa sensação de que a cura para todos os males pode ser encontrada na morfina de uma condenação espetacular. Muito menos  um drible desconcertante dado no suposto malfeitor que ostenta a camisa do time adversário levando a torcida ao delírio.

A justiça é mais do que um caso fortuito que, pela paixão que desperta, é capaz de produzir múltiplos orgasmos ideológicos. Muito diferente disso, a justiça é a gestação da retidão e o parto, ainda que a fórceps, da justa aplicação da lei, independentemente da dor ou do riso que possa provocar.

O que passar disso, não será justiça, mas mera pantomima que ilude, encanta, leva ao delírio, mas não resolve!

Com a prisão espetacular do Lula, o Brasil não ficou mais justo ou menos justo.
Apenas deu um passo à frente. Mas se ficar só nisso, dará muitos passos para trás, pois a punição de um réu, por mais emblemática que seja, jamais poderá servir de pretexto para a anistia de um batalhão de facínoras que vêm impunemente expropriando o Brasil há séculos!

 

Peniel Pacheco, Professor, Teólogo, ex-deputado distrital, ex-presidente do Procon-DF e colaborador do Brasília In Foco News

 

 

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