Manifestantes se recusam a desocupar reitoria da UnB

 

Nesta sexta (27/4), movimento completou 16 dias. Após reunião de quatro horas com integrantes da entidade, eles adiaram decisão para amanhã

Após quatro horas de reunião, os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) que ocupam a reitoria há 16 dias não chegaram a um acordo quanto à desocupação do local nesta sexta-feira (27/4). Mesmo com uma notificação extrajudicial cobrando o fim do movimento e um ultimato da instituição de ensino superior para o encerramento da manifestação até as 23h59 de quinta (26), os cerca de 50 alunos decidiram permanecer na localidade.

Os manifestantes querem a liberação de verbas para a instituição por parte do Ministério da Educação e, para isso, cobram uma reunião com integrantes da pasta. Os universitários ainda são contra o aumento de preço nas refeições do Restaurante Universitário (RU) e as demissões de terceirizados. Pedem ainda a manutenção de todos os estágios remunerados e bolsas de permanência estudantil, além de uma auditoria externa e independente dos contratos de serviços terceirizados e a revogação da emenda do teto dos gastos.

A UnB vive uma das maiores crises financeiras da sua história. As contas não fecham e a estimativa é de que o rombo de 2018 fique em R$ 92,3 milhões. Para tentar equilibrar as finanças, a instituição vai precisar cortar R$ 39,8 milhões em despesas. Em contrapartida, terá de aumentar a receita em R$ 50,8 milhões, o que inclui remanejamentos orçamentários para atender às necessidades de custeio das atividades acadêmicas.

“A gente não coloca em dúvida o interesse que o movimento tem de defender o conceito de universidade pública. A forma de luta, a gente não concorda. Eu digo como administrador, como gestor. Claro que seria melhor tudo isso sem a necessidade da ocupação”, afirmou o chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques.

O comando da UnB esperava uma desocupação imediata após a notificação extrajudicial, mas os estudantes convocaram uma assembleia para debater o assunto. Mesmo com o documento em mãos, registrado no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil e Casamentos, o movimento decidiu marcar nova reunião para as 14h deste sábado (28).

Além dos estudantes, três integrantes da reitoria participarão do encontro para tentar chegar a um acordo.

Embate
O pedido extrajudicial para desocupação do local foi anunciado na quinta-feira (26/4), depois de um dia quente e marcado por confronto entre manifestantes e a Polícia Militar na Esplanada. Paralelamente ao protesto, um grupo de estudantes da UnB montou barricadas e impediu entrada e saída de alunos no Instituto Central de Ciências (ICC). O ato teria sido uma forma de manifestação contra a crise financeira vivida pela instituição.

A ação, que terminou em agressão e insultos, atrapalhou a vida de quem tentou frequentar a universidade na ocasião. O graduando em direito Bruno Henrique de Moura, 21 anos, foi um dos prejudicados. De acordo com o acadêmico, “apenas negros eram autorizados a passar pela barricada”.

Segundo Bruno, pessoas ligadas ao movimento negro da instituição seriam as responsáveis pela organização dos piquetes. Elas desmentem essa afirmação. Em fotos publicadas e vídeos cedidos ao Metrópoles, é possível observar alguns estudantes mais exaltados, vestindo máscaras e empunhando barras de ferro. Um aluno de agronomia foi agredido ao tentar derrubar a barreira.

 

Fonte: Metrópoles

Foto: Igo Estrela/Especial para o Metrópoles

 

 

 

Deixe seu comentário