Médica e escritora: Anne C. Beker alinha duas carreiras com uma mesma missão

Autora discute saúde mental, importância da literatura e relação com a medicina em entrevista

Médica e autora de cinco livros de ficção, Anne C. Beker estudou medicina para ajudar as pessoas com as dores do corpo, e tornou-se escritora para auxiliar a quem precisa de mais leveza no cotidiano. São carreiras distintas, mas ela as une através de um mesmo compromisso. Por isso, seu lançamento mais recente E se houvesse amanhã, levanta debates sobre saúde mental, depressão e relacionamentos abusivos.

No enredo, a protagonista tem um encontro com a Morte em sua versão personificada. Ambos os personagens conversam sobre os sentidos da vida e os conflitos causados pelas relações com o mundo e com outras pessoas.

A partir disso, na entrevista abaixo, a autora fala sobre a importância da literatura para abordar problemas atuais, como seu trabalho na área da saúde influenciou a escrita e projetos futuros. Leia:

1 – O livro “E se houvesse amanhã” trata da história de uma médica deprimida que sofre uma reviravolta na vida e acaba em um encontro com a personificação da morte. Na sua perspectiva, e como médica, qual a importância de tratar sobre saúde mental na literatura?

Anne C. Beker: Na minha perspectiva, assuntos como saúde mental e depressão devem sempre ser abordados na literatura, de forma cuidadosa, mas sempre que possível, para chamar atenção para algo importante, que precisa ser discutido e abordado.

2 – Na obra você também levanta debate para os relacionamentos tóxicos. De que forma acredita que histórias ficcionais, com personagens fictícios, podem contribuir para a temática?

A. B.: Não é a primeira vez que eu trato disso e acho interessante ter essa abordagem em livros ou falar sobre casos que realmente acontecem, porque as duas formas geram identificação. Muitas pessoas passam por alguma forma de violência e, por muitos motivos, têm dificuldade de sair dessa situação ou de denunciar. Nos livros, minhas personagens acabam achando uma maneira de dar um basta, e eu realmente acredito que isso pode inspirar as pessoas de alguma forma. Mas é claro que dar um basta não é suficiente, porque essas pessoas também precisam de suporte.

3 – A Morte ajuda a personagem a refletir sobre sua própria existência e suas questões pessoais. Para você, o que a morte tem a ensinar sobre a vida?

A. B.: A morte no livro aparece personificada para conversar com a personagem principal. De certa forma, ela tenta mostrar que, mesmo passando por muita coisa, tudo isso pode ser visto como uma maneira de aprendizado e evolução, com dor e com resiliência, mas levando para um outro patamar e melhor. A finitude da vida, sendo personificada pela morte, ensina a valorizar cada momento, cada pessoa que amamos, cada atitude que tomamos, cada decisão que fazemos e nos estimula a sempre tentar ser seres humanos melhores.

4 – A sociedade já quebrou certos tabus sobre saúde mental. Existe, por exemplo, um movimento que incentiva as pessoas a falarem cada vez mais sobre o assunto, inclusive na literatura. Entretanto, o que você ainda percebe que precisamos melhorar em relação à saúde mental?

A. B.: Mesmo com o movimento, ainda se percebe que alguns sintomas e sinais não são percebidos e algumas pessoas não buscam ajuda. Quanto mais divulgarmos os sinais e sintomas, que às vezes são sutis, e quanto mais as pessoas estiverem atentas a eles, a ajudarem as outras e, se possível, a estimularem que busquem ajuda, mais caminharemos para o controle e para a melhoria da saúde mental das pessoas.

5 – Você é médica e trabalha diariamente ajudando outras pessoas. De que maneira sua profissão na área da saúde e sua carreira literária se conectam?

A. B.: Como médica e escritora, eu tento abordar assuntos importantes, mas algumas vezes delicados. Busco discuti-los nos livros de uma forma leve, mas constante. Também busco sempre colocar personagens femininas como protagonistas e ter representatividade – questões que, na minha opinião, são importantes.

6 – “E se houvesse amanhã” é seu quinto livro publicado. O que você planeja para o futuro como autora?

A. B.: Eu tenho duas trilogias que ainda precisam ser terminadas (na saga ‘Subterrâneo’, falta o livro 3, e em ‘Mundo Invisível’, faltam os livros 2 e 3). Mas, como aconteceu com esse, às vezes eu escrevo livros únicos para abordar algum tema específico. Então os leitores podem esperar ainda mais livros e talvez alguns spin-offs na sequência.

Sobre a autora: Anne C. Beker atua como médica endocrinologista pediátrica na capital paulista, cidade onde nasceu. Desde pequena, é apaixonada por livros e literatura. Iniciou escrevendo poesias e poemas, que não chegaram a ser publicados. Após muitas leituras e alguns cursos de técnica de escrita, decidiu se arriscar com algumas ideias e escreveu o primeiro livro “Revisitando o passado. Desde então, não parou mais.

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Divulgação

Fonte: LC Agência de Comunicação | São Paulo-SP

Por Maria Clara Menezes

Fotos: Arquivo pessoal

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