Memórias: transforme jaulas em liberdade
Por Christiane de Murville (*)
Nosso corpo é constituído em grande parte por água, que apresenta a propriedade de guardar em suas células informações provenientes do ambiente ao redor. Assim como a água, carregamos memórias diversas. Algumas são leves, remetem a momentos alegres e felizes de nossas vidas. Outras são pesadas, nos fazem sofrer, exacerbam a atividade mental, perturbam o sono e reavivam lembranças desagradáveis que gostaríamos de esquecer. Trazem à tona arrependimentos, frustrações, medos, apegos, humores diversos e eventualmente sentimentos nada virtuosos. Porém, existem também aquelas das quais nem temos conhecimento claro, mas que silenciosamente influenciam nossas emoções, ações, crenças, nossos pensamentos, desejos e projetos de vida.
Apesar de eventualmente nos acharmos senhores de nós mesmos, donos de nossos narizes e com liberdade de escolha, será que somos mesmo livres? Aparentemente, vivemos como leões enjaulados, limitados por memórias e condicionamentos que modelam pensamentos, definem ações, minam a iniciativa e interferem no modo de perceber a realidade, chegando eventualmente a dificultar discernir o que é verdade ou mentira, ou seja, criação da nossa mente.
No livro Até quando? O vai e vem, publicado no Brasil pela editora Chiado Books, conhecemos o João que, ao longo de suas aventuras terrenas, acumula várias memórias. Muitas são doloridas e o instigam a se mexer, reavaliar atitudes, experimentar coisas novas e dar o melhor de si. Outras, o levam a repetir experiências, reações e sensações, mantendo-o apegado a desejos intermináveis. João ora percebe-se em situação que julga boa, com coisas que gosta e pessoas acolhedoras e gentis, ora em condição difícil, que considera ruim e desafiadora. Desenvolve comportamentos e incorpora hábitos diversos para se proteger, defender, sobreviver, adaptar-se a um ambiente muitas vezes sentido como hostil e agressivo.
No entanto, da mesma forma que somos impressionados pelas vibrações que o planeta tem a oferecer, também afetamos o mundo ao nosso redor. Em Até quando? O vai e vem, João é levado a reconsiderar sua responsabilidade acerca da realidade que encontra à sua volta, ainda mais tendo em vista o universo de vibrações no qual estamos mergulhados e a influência de crenças, pensamentos, sentimentos, emoções, intenções e ações sobre os padrões vibracionais de energia que determinam e materializam o mundo físico conforme o percebemos.
Até quando? O vai e vem promove ainda reflexões sobre o quanto as informações que gravitam nosso campo de energia atraem as vibrações que nos são compatíveis e projetam as experiências que nos cabem com exatidão. No caso do João, suas memórias materializam realidades que lhe oferecem a oportunidade de rever bagagens pesadas e incômodas, de tratar pendências, curar nós de sofrimento, até conseguir ficar com o coração leve e a consciência tranquila.
Afinal, quem não quer se limpar de lembranças desagradáveis e inconvenientes, que prendem em acontecimentos do passado ou em expectativas em relação ao futuro, impedindo de viver plenamente o momento presente?
* Chistiane Couve de Murville é graduada, mestre e doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP), também é bacharel em Ciência da Computação (USP), autora da trilogia A Caverna Cristalina: Uma Aventura no Tempo, O Desafio do Labirinto, Capturados no Tempo. Também escreveu A vida como ela é e A hora do beijo. O vai e vem é o primeiro volume da série Até quando? e já foi traduzido para o francês. Até quando? A prisão está em processo de tradução para o francês. Tem experiência artística em desenho, pintura, escultura e cerâmica e faz as próprias ilustrações dos seus livros.
Fonte: LC Agência de Comunicação | São Paulo/SP | Por Genielli Rodrigues
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