Miguel Lucena se candidata por basta de benefícios a criminosos
Contra privilégios a criminosos e a poderosos, o candidato Miguel Lucena (PTB-DF), sob número 1444, quer mexer na ferida das mordomias de parlamentares entre outras mazelas políticas atuais.
Delegado da Polícia Civil e na corporação há 19 anos, Miguel de Lucena continuará empunhando a bandeira da paridade salarial da PC-DF com a Polícia Federal.
Além de lutar pelo reforço nos efetivos das forças de segurança, que se encontram, segundo ele, reduzidas “à metade, atualmente, tendo como resultado fraco policiamento ostensivo e 20 das 31 delegacias fechadas”.
Na visão do candidato, é necessário tomar providências para melhorar a educação. Para tanto, ele afirmou que destinará emendas para que 21 mil crianças do Distrito Federal tenham o direito a ter creches.
Segundo ele, essas crianças “vivem negligenciadas, abandonadas e violadas sexualmente”. Assim passam a ser suscetíveis a se revoltarem e se transformarem em potencial “menores infratores”.
Confira a entrevista concedida pelo candidato Miguel Lucena ao Tudo OK Notícias:
Tudo Ok Notícias – Sendo delegado de Polícia Classe Especial, por que o senhor resolveu se candidatar a deputado federal?
Miguel Lucena – Eu me cansei de cumprir leis feitas para beneficiar criminosos e poderosos. Quero chegar à Câmara dos Deputados para lutar pelo fim dos “saidões” dos presos, lutar para tirar o sistema prisional das mãos do crime organizado e fazer que quem cometa delitos cumpra a pena, sem a farsa de uma progressão sem critérios. No Brasil, o legislador aperta na lei material para afrouxar na processual e de execução penal, enganando a população e beneficiando os criminosos.
Tudo Ok Notícias – E quanto aos poderosos?
Miguel Lucena – Esses formam uma casta privilegiada que ri dos simples mortais. Gozam de privilégios como auxílios moradia, paletó e pré-escola que variam de 4 mil 7 mil reais, mesmo tendo casa própria, roupa demais e salários altos.
Tudo Ok Notícias – O que o senhor vai fazer com a verba indenizatória a que o parlamentar tem direito?
Miguel Lucena – É outra vergonha que precisa acabar. Já abri mão dessa mordomia. O parlamentar já conta com subsídio para se sustentar e verba de gabinete para contratar assessores, não precisa de verba indenizatória para consumir gasolina, alugar carro de luxo, comer e beber em restaurantes caros, fazer propaganda e contratar consultoria fajuta às custas da população. Quanto às passagens aéreas, só faz sentido concedê-las aos parlamentares de fora que precisam vir a Brasília toda semana, mas os daqui não precisam pegar avião da Esplanada dos Ministérios a Ceilândia, por exemplo.
Tudo Ok Notícias – Se eleito, o senhor vai se concentrar em questões corporativas da Polícia Civil do DF ou vai lutar por outras causas também?
Miguel Lucena – Vou continuar lutando pela paridade histórica da Polícia Civil do DF com a Polícia Federal, retirada covardemente pelo governador Rollemberg. Igualmente, lutarei pela recomposição dos efetivos das forças de segurança, reduzidos à metade atualmente, tendo como resultado fraco policiamento ostensivo e 20 das 31 delegacias fechadas. Além das questões respondidas no início, destinarei emendas para que sejam garantidas creches para as 21 mil crianças que estão sem esse direito no Distrito Federal. São crianças que, por culpa de um governo sem ação, vivem negligenciadas, abandonadas e até violadas sexualmente. Dessa forma, crescem revoltadas e correm o risco de se tornar menores infratores. Precisamos resolver as causas para não ficar fingindo combater os efeitos. Creches e educação integral para todas as crianças que precisam, eis uma prioridade inadiável.
Outra medida necessária é a federalização do ensino médio, trazendo de volta a educação técnico-profissional para que os jovens aprendam um ofício e tenham chances no mercado de trabalho.
Tudo Ok Notícias – E sobre o rodízio de padrastos, cujo comentário lhe custou o cargo de diretor de Comunicação da Polícia Civil, o senhor insiste em criticá-lo?
Miguel Lucena – Não, nada contra os padrastos, mas contra o rodízio. Quem tem filhos precisa adotar cautelas antes de levar uma pessoa para dentro de casa. Cada adulto pode buscar a sua felicidade, mas sem colocar as crianças em risco. Se não tivermos coragem de enfrentar o debate, vamos continuar operando no efeito dos problemas e não das causas, buscando, sem achar, respostas para tanta violação sexual de crianças e tanta violência doméstica. O namoro e o noivado foram criados para as pessoas se conhecerem melhor e fazerem escolhas menos arriscadas.
PERFIL
MIGUEL LUCENA é Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal há 19 anos, jornalista e escritor. Atualmente lotado na 3ª DP/Cruzeiro, foi diretor de Comunicação da PCDF por três vezes, delegado-chefe da 6ª DP (Paranoá/Itapoã) por dois períodos, delegado-chefe adjunto da Delegacia de Entorpecentes, da 30ª DP (São Sebastião), diretor de Assuntos Estratégicos da Polícia Civil do DF, subsecretário de Segurança Pública do DF, diretor de Análise da Informação da Casa Civil do GDF e Presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), quando revitalizou e saneou a empresa. Coordenou a reforma do Jornal de Angola (o único jornal diário do país africano) em 2006, foi repórter, redator e editor em jornais da Paraíba e Bahia, correspondente da Folha de São Paulo, diretor do Sindicato e da Federação Nacional dos Jornalistas, diretor do Sindicato e das Associações dos Delegados de Polícia do Distrito Federal e do Brasil. É autor e co-autor dos livros Desembestados – descontrole da criminalidade, Olhos de Argos (Inteligência Estratégica), Verso-menino, Guerra da Perdição – A Revolta de Princesa, Para gostar de ler, Ursinho Marrom, O Livro do nome, Imagem do Cão – o negro na literatura de cordel e Língua de fogo – versos sobre a política cotidiana. É colunista do Diário do Poder, Contexto Exato, Blog do Tião Lucena, Agenda Capital, Mundo de Notícias e Jornal de Verdade.
Fonte: Tudo Ok Notícias
Por Josiel Ferreira
Fotos: Arquivo Pessoal