Morales quer criar ‘Lei da Mentira’ na Bolívia. Imprensa vê, na verdade, censura disfarçada
A imprensa da Bolívia vive dias de tensão desde que o presidente Evo Morales propôs um projeto polêmico para criar o que chama de “Lei da Mentira”. A alegação do chefe de estado é de que é preciso coibir inverdades publicadas em todos os tipos de mídia. No entanto, sua iniciativa junto ao Congresso Boliviano é vista com mais uma tentativa de restringir a liberdade de expressão.
Com isso, uma mobilização de órgãos que representam jornalistas do país vem crescendo nos últimos dias. À frente do movimento, a Associação Nacional de Imprensa da Bolívia (ANP) se posiciona radicalmente contra a ideia de Morales, que por sua vez passou a atacar a entidade.
“Com uma nova legislação, os direitos básicos de pensar e expressar ideias livremente, sem censura prévia, sofrerão restrições com base nos caprichos dos administradores da justiça e de quem está no poder”, diz o comunicado publicado pela ANP nesta semana. “Além do trabalho jornalístico, a preocupação da ANP visa proteger a qualidade humana de espalhar o pensamento, produção intelectual, posições ideológicas e toda expressão artística ou científica”.
Esta foi a terceira manifestação da entidade desde que Morales começou a falar em criar uma Lei da Mentira, no mês passado. Com isso, o presidente contra-ataca a ANP.
“Como é que uma instituição como a Associação Nacional de Imprensa, que representa a mídia, pode rejeitar projeto de lei contra a mentira? Por ética profissional, eles deveriam defender a verdade. É claro que eles não são jornalistas de base, mas donos de empresas de mídia”, escreveu em sua conta no Twitter.
Não é de hoje que Morales se incomoda com a Imprensa. Desde que chegou ao poder, em 2006, ele não reage bem às críticas ao seu governo. E a tendência é essa postura continuar porque ele é candidato à reeleição no ano que vem.
Como principal argumento para vetar a Lei da Mentira, as organizações que representam os jornalistas lembram que já existe punição para injúria e calúnia no Código Penal boliviano. Ou seja, a proposta de Morales é vista como uma manobra para censurar a imprensa.
“Há a intenção secreta de restringir a liberdade de expressão e a opinião pública nos meios de comunicação e redes sociais”, opinou Delmar Mendez, porta-voz da Associação de Profissiobais de Comunicação de Santa Cruz.
Fonte: Portal IMPRENSA
Foto: ANP